"O programa de reformas do Governo, os preços mais altos do petróleo, e o alívio da dívida de alguns credores oficiais estão a reduzir os riscos imediatos de liquidez; antevemos que a recuperação económica e uma depreciação da moeda menor que entre 2018 e 2020 sustentem um declínio continuado no nível da dívida, por isso melhorámos o 'rating' de Angola de CCC+ para B-", lê-se numa nota da Standard & Poor's enviada esta noite à Lusa.
Na nota, a S&P explica que atribui uma perspetiva de evolução estável à avaliação sobre a qualidade do crédito, equilibrando "as ainda grandes necessidades externas de financiamento e os riscos associados, com a queda gradual dos níveis de dívida governamental até 2025".
A subida do 'rating' de Angola surge uma semana depois de a Fitch Ratings ter elevado também a opinião sobre a qualidade do crédito angolano, e no mesmo dia em que a Fitch Ratings subiu a avaliação sobre o Banco Angolano de Investimento, decorrente da melhoria de crédito sobre o país onde o banco opera, já que um banco não pode ter um 'rating' melhor do que o do país onde está instalado.
"Os riscos sobre o pagamento da dívida de Angola diminuíram devido à melhoria acima do esperado nas métricas da dívida, o histórico e a expectativa relativamente à prudência orçamental, e um ambiente externo com mais apoio", escrevem os analistas da S&P, que consideram que o abrandamento da pandemia de covid-19 vai evidenciar os esforços dos últimos anos.
"À medida que a pandemia de Covid-19 diminui, o país está a ver os ganhos das reformas difíceis implantadas nos últimos anos e ao abrigo do programa com o Fundo Monetário Internacional entre 2018 e 2021, incluindo a liberalização da taxa de câmbio, a introdução do IVA e a racionalização da despesa", lê-se na nota enviada à Lusa.
A S&P antevê que a dívida pública tenha "caído abruptamente para 75% do PIB em 2021, baixando mais de 55 pontos percentuais face a 2020, uma queda dramática que foi ajudada pela apreciação da moeda em 18% no final do ano passado face ao período homólogo, para além de uma subida substancial no PIB nominal".
Esta evolução, concluem os analistas, "reverte uma boa parte da subida de 67 pontos percentuais registada no nível da dívida entre 2017 e 2020 que foi motivada, em grande parte, pela depreciação de quase 75% da moeda".