O crude do Mar do Norte, de referência na Europa, concluiu a sessão no International Exchange Futures a cotar dois dólares acima dos 94,48 com que fechou as transações na sexta-feira.
A cotação do Brent acabou a subir numa sessão volátil, em que a atenção dos investidores se manteve na escalada de tensão associada à eventualidade de uma invasão da Ucrânia pela Federação Russa.
“Os acontecimentos no leste da Europa vão ser cruciais para o mercado global, dado que a Rússia é um dos maiores produtores de petróleo”, com capacidade de 11,2 milhões de barris diários, assinalou um analista da Rystad Energy, Nishant Bhusha.
Perante as subidas constantes nas últimas semanas, devido ao baixo nível de produção relativamente ao aumento da procura, depois do alívio de restrições socioeconómicas existentes para combater a pandemia, a crise na fronteira ucraniana pode colocar a cotação do Brent acima dos 100 dólares, acrescentou.
Por outro lado, Michael Hewson, analista da CMC Markets, realçou a volatilidade da sessão de hoje, em que o Brent chegou a cotar a 93,50 dólares, mas salientando que a subida da cotação pode provocar uma maior contração da procura.
“A subida do preço está a preocupar alguns membros da OPEP, que receiam que o petróleo a 100 dólares tenham um impacto na procura e desencadeie uma queda abrupta”, avançou Hewson.
Ao mesmo tempo, os analistas alertam que a instabilidade na Líbia pode provocar uma baixa da oferta entre 300 mil a 400 mil barris por dia, o que afetaria o equilíbrio da produção global.
Um cenário com os preços do petróleo nos 100 dólares, ou até acima, tem sido mencionado por vários analistas.
Foi, por exemplo, o caso hoje mesmo, em declarações à Lusa, de Henrique Tomé, da corretora XTB.
Os 100 dólares têm sido referidos, por exemplo, pelo Goldman Sachs e pelo Morgan Stanley.
O Bank of América, por sua vez, já avançou a possibilidade de 120 dólares por barril em meados do ano.
Mas os analistas também apontam a elevada incerteza dos valores avançados.
Foi o caso de Ricardo Marques, analista da IMF - Informação de Mercados Financeiros, que, também em declarações à Lusa, considerou que a evolução dos preços nos próximos tempos vai depender, além do desenrolar da crise centrada na Ucrânia, do eventual aumento da produção, da continuidade da tendência de aumento do consumo petrolífero, considerando os preços existentes, e do desenvolvimento das negociações com o Irão.