"Não estamos a pedir-vos que escolham lados. Pedimos aos africanos que se unam a nós para escolher os princípios (...) de soberania, integridade territorial, resolução pacífica de conflitos e proteção de civis", disse hoje a sub-secretária de Estado para os assuntos africanos, Molly Phee, numa conferência de imprensa virtual.
A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar com três frentes na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamentos em várias cidades. As autoridades de Kiev contabilizaram, até ao momento, mais de 2.000 civis mortos, incluindo crianças, e, segundo a ONU, os ataques já provocaram mais de um milhão de refugiados na Polónia, Hungria, Moldova e Roménia, entre outros países.
Entre os poucos países africanos que condenaram oficialmente a guerra estão o Gana, a Nigéria, a África do Sul, o Maláui, os Camarões ou a Etiópia, que reagiram com diferentes graus de veemência, enquanto Madagáscar disse não querer opinar sobre o conflito.
Na quarta-feira, a Assembleia Geral da ONU aprovou uma resolução que condena a invasão russa da Ucrânia e exige a retirada imediata das tropas russas.
Dos 193 Estados-membros das Nações Unidas, 141 apoiaram o texto e apenas cinco votaram contra: a própria Rússia, Bielorrússia, Síria, Coreia do Norte e a Eritreia, um dos regimes mais herméticos do mundo.
Entre os 54 países africanos, 28 votaram a favor, mas 16 abstiveram-se: Argélia, Angola, Burundi, República Centro-Africana, República do Congo, Madagáscar, Mali, Moçambique, Namíbia, Senegal, África do Sul, Sudão do Sul, Sudão, Uganda, Tanzânia e Zimbabué.
Além disso, os lusófonos Guiné-Bissau e Guiné Equatorial, além do Burkina Faso, Essuatíni, Etiópia, Guiné-Conacri, Marrocos, Camarões e Togo não participaram na votação.
Pouco depois da votação, a África do Sul, aliada da Rússia no bloco das potências emergentes BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), explicou a sua abstenção afirmando que a resolução não cria "um ambiente propício" ao diálogo.
"Os votos africanos foram muito importantes nessa votação (...) para enviar uma mensagem de que esta agressão é inaceitável na Ucrânia e em qualquer lugar do mundo", disse hoje Molly Phee.
"Acreditamos que é muito importante neste momento que a comunidade internacional na sua totalidade demonstre unidade e fale a uma só voz contra esta agressão", disse a governante norte-americana.
Phee sublinhou também que os "Estados Unidos são muito sensíveis ao legado da Guerra Fria, particularmente em África" e insistiu que "a posição e a política de Joe Biden tem sido de oferecer mais opções e não menos aos africanos".