“O alto comandante militar da FAC promete ao Governo angolano que desestabilizará as eleições presidenciais de agosto próximo no território de Cabinda. Organizar estas eleições em Cabinda representa para a FLEC-FAC uma provocação e um gesto de não ao respeito do nosso território por Angola, por isso informamos que todas as assembleias de votos serão centro de atenções das FAC”, escreve a organização num “comunicado de guerra” hoje divulgado.
Na mesma nota, a FLEC-FAC diz ter tomado o controlo da Base Militar de Kisungo durante mais de duas horas, após “fortes combates” que deixaram 15 militares angolanos mortos e outros quatro feridos.
A operação, pode ler-se no comunicado, permitiu à FLEC-FAC desalojar os militares das FAA na Base Militar de Kisungo e tomar o “controle total da mesma” entre as 4:48 e as 07:00, tendo sido destruídos radares de busca e antenas de comunicação que se encontravam naquela base militar, na região de Maiombe.
Na mesma operação, a FLEC-FAC diz ter recuperado várias armas, assim como equipamentos militares.
“Depois de tomar a base militar de Kisungo, as Forças Especiais da FLEC-FAC se retiraram por ordem hierárquica”, acrescenta a nota, assinada pelo tenente-general Gelson Fernandes N´Kasu.
A província angolana de Cabinda, onde se concentra a maior parte das reservas petrolíferas do país, não é contígua ao restante território e desde há anos que líderes locais defendem a sua independência, alegando uma história colonial autónoma de Luanda.
A FLEC, através do seu "braço armado", as FAC, luta pela independência daquela província, alegando que o enclave era um protetorado português, tal como ficou estabelecido no Tratado de Simulambuco, assinado em 1885, e não parte integrante do território angolano.
Já na semana passada a FLEC-FAC apelou “a todos os cabindeses” para que boicotem as eleições gerais de Angola, previstas para a segunda quinzena de agosto.
“Votar nas eleições de Angola é um ato antipatriótico e de submissão ao colonialismo angolano. Votar nas eleições de Angola em Cabinda é aceitar ser escravo do Governo angolano e validar todas as humilhações, passadas, presentes e futuras, praticadas por Angola em Cabinda”, lê-se no comunicado a que a agência Lusa teve então acesso.
O movimento independentista de Cabinda considera que “as eleições em Angola não são eleições em Cabinda”.