“Angola está efetivamente a combater a corrupção”, disse João Lourenço num comício em Malanje, considerando “irónico” que alguns dos seus concorrentes digam que o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) "não está a fazer nada".
“O que é irónico é que esses que defendem esse ponto de vista fizeram um pacto com os corruptos, estão a comer no prato dos corruptos, estão a ser financiados pelos dinheiros saídos de Angola pela porta da corrupção, esses são os seus reais financiadores”, sublinhou Lourenço, insinuando que a candidatura do presidente da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) estará a ser financiada por pessoas visadas pela justiça angolana.
“Não temos que nos admirar em termos de alianças, essa oposição já teve alianças piores do que estas, quem se aliou ao ‘apartheid’ não admira que se alie aqueles que esvaziaram os cofres do Estado e levaram esses recursos para outras economias, quem se alia ao ‘apartheid’ [a África do Sul apoiou a UNITA na guerra civil, enquanto o MPLA era apoiado pela União Soviética e Cuba] facilmente se alia aos corruptos que fugiram de Angola acusados da prática de corrupção”, apontou.
O Governo angolano tem sido frequentemente acusado de levar a cabo uma justiça seletiva visando familiares ou colaboradores próximos do antigo presidente José Eduardo dos Santos, que morreu em 08 de julho em Barcelona e relativamente ao qual se mantém uma disputa judicial quanto às exéquias entre alguns dos seus filhos e o regime angolano.
Tchizé dos Santos, uma das filhas, militante e ex-deputada do MPLA tem demonstrando publicamente o seu apoio à candidatura de Adalberto da Costa Júnior, mas nenhum dos restantes filhos se pronunciou sobre campanhas partidárias, em particular Isabel dos Santos, que vive fora de Angola há vários anos e é visada em vários processos cíveis e criminais.
Num registo áudio a que a Lusa teve acesso, Tchizé dos Santos responde a João Lourenço afirmando que “as pessoas que está a acusar de terem fugido” se encontram em países que “não escondem bandidos” e acusa o chefe do executivo de estar a “usar a justiça angolana para inventar crimes contra os outros”.
As eleições gerais angolanas, quinto escrutínio da história política do país, estão marcadas para 24 de agosto e concorrem oito formações políticas, em campanha eleitoral desde 24 de julho.