Ainda que nos corredores do poder, o tema dos indicados para o novo Governo seja tabu– poucos falam no assunto e todos recusam dar cara –, certo é que no Ministério das Finanças a decisão parece estar tomada.
A ministra Vera Daves já terá comunicado ao Presidente da República a indisponibilidade de continuar no cargo. "Não contém comigo, vou-me embora", declarou Daves a um restrito grupo de colaboradores, dentro do seu gabinete, segundo uma fonte familiar ao processo. A mesma que garante ao nosso jornal que Vera Daves até já arrumou o seu gabinete, tendo empacotado parte dos seus pertences
Não se sabe por ora qual foi a resposta do Presidente à decisão da ministra das Finanças. Outra fonte acredita que João Lourenço deve declinar a intensão de Vera Daves, “uma vez que gostaria que fosse ela a concluir vários dossiers importantes da sua área, como por exemplo o do FMI".
AS RAZÕES
Vera Esperança dos Santos Daves De Sousa (nome completo), nomeada ministra das Financas em 2019 em substituição de Acher Mangueira, actual governador do Namibe, coleccionou vários desgastes, ao longo dos três anos na qualidade de titular da pasta, provocados pela tentativa de arrumar, entre muitas políticas, as finanças públicas, além do combate às conhecidas falsas dívidas reclamadas pelas empresas, como atrasadas, mas que não correspondiam à dívida certificada.
Nos anos que se seguiram à sua tomada de posse, Vera Daves foi colocada sob proteção da Unidade da Guarda Presidencial, por alegadamente ter recebido ameaças de morte, através de chamadas telefónicas. Pela mesma via, também receberam ameaças alguns dos colaboradores mais próximos da ministra. Há relatos de muitos deles terem chegado a sair do local de trabalho em prantos, como aconteceu com Nvula Sofia Dias Van-Dúnem Camacho, chefe de Departamento de Financiamento Interno e Externo da Unidade de Gestão da Dívida Pública. Valor Economico