“Já nos perguntámos, várias vezes, onde anda o senhor Presidente [da República] de 2017, 2018 e 2019? Onde está o nosso Presidente? Aquele Presidente que tinha uma mensagem, um discurso de esperança, de unidade, de conciliação, onde está aquele Presidente”, questionou hoje o presidente do grupo parlamentar da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), Liberty Chiyaka.
O político, que falava hoje em conferência de imprensa, em Luanda, sobre a situação sociopolítica do país e as iniciativas do seu grupo parlamentar, disse estar “preocupado”, alegando que o Presidente da República, que “dialogava com a UNITA e com sociedade civil", foi "sequestrado pelos radicais do regime”.
“A nossa preocupação neste preciso momento é que o senhor Presidente da República foi sequestrado, nós estamos preocupados, a sociedade toda deve unir-se e perguntar: quem sequestrou o nosso Presidente de 2017, 2018 e 2019. Quem sequestrou?”, voltou a questionar.
No país, “havia uma postura de uma significativa abertura, significativa liberdade, um estado geral de maior confiança, mas de 2020 para cá, infelizmente, retrocedemos, porque é visível a ascensão nos cargos de direção de radicais e é evidente que é este grupo de radicais que sequestrou o Presidente da República”, frisou.
Para Liberty Chiyaka, este "grupo" promove "instabilidade, manipula a posição ou opinião do Presidente".
Segundo o líder parlamentar da UNITA, o Presidente da República que, em 2017, 2018 e 2019 “transmitia mensagens de esperança e de unidade, precisa de ser resgatado”.
Chiyaka recordou, na intervenção, que João Lourenço, quando começou o seu mandato, recebeu o então presidente da UNITA, Isaías Sakamuva, felicitou o atual presidente da UNITA, quando foi eleito em 2019, “mas de lá para cá as lideranças distanciaram-se”.
“Esta é a nossa preocupação, porque nós queremos o senhor Presidente da República de volta, queremos contribuir para a consolidação do Estado democrático e de Direito, mas as instituições têm que dialogar”, assinalou o político dos 'maninhos'.
O presidente do grupo parlamentar da UNITA disse também que, nos dois últimos anos, “a democracia em Angola regrediu, os fundamentos do Estado de Direito foram agredidos, as promessas eleitorais não foram cumpridas e a situação social do país agravou-se”.
O custo de vida “sobe todos os dias e as pessoas estão cansadas, saturadas e desesperadas”, apontou.
A pandemia de covid-19, em curso há quase dois anos, “não pode servir de desculpa para a má governação de 20 anos de paz", considerou.
"As vicissitudes dos ciclos da economia também não podem servir de desculpa para se coartarem direitos e reduzirem-se as liberdades democráticas”, rematou Liberty Chiyaka.