Fuzileiros angolanos desaparecidos há sete dias no mar do Namibe

Os cidadãos César Augusto Campos Kissanga e Leonardo dos Santos Alberto, dois fuzileiros da Marinha de Guerra de Angola, estão desaparecidos desde o dia 18 de Maio, altura em que o barco que os transportava, de Benguela para o Namibe, naufragou. Os familiares procuram entender o que aconteceu ao meio à falta de informação por parte da Marinha

As famílias de César, de 32 anos, e Leonardo, de 24 anos, fizeram sair um comunicado, ontem, no dia em que completavam uma semana desaparecidos. No documento, dizem que tomaram conhecimento, via redes sociais, da ocorrência de um naufrágio, a 8 milhas náuticas da costa marítima da Baia Farta, província de Benguela, de uma lancha, que estava a ser rebocada por uma outra embarcação da Marinha.

A lancha era uma das três embarcações que estariam a ser arrastadas em águas profundas, por um só barco, do Lobito para a província do Namibe. Na embarcação naufragada viajavam cinco militares da Marinha de Guerra, dentre os quais César e Leonardo. Três dos militares foram resgatados com vida no local, pelas equipas de socorro e salvamento. “Desconhece-se a natureza e os objectivos desta missão que arrastava, em mar profundo, pequenas embarcações e lanchas novas, em condições de naveAngola. gação autónoma ou passíveis de transporte em meios rolantes.

As lanchas foram rebocadas pelo mesmo barco, uma atrás da outra, de forma arriscada, com militares a bordo, sem que estes estivessem com equipamentos de protecção, segurança e sobrevivência à navegação marítima”, lê-se, no comunicado.As famílias viram-se obrigadas a fazerem tal pronunciamento, segundo dizem, pelo facto de a direcção da Marinha de Guerra ter declinado prestar esclarecimentos oficiais sobre o paradeiro e as circunstâncias do desaparecimento destes efectivos em serviço.

Assim, ontem, as famílias mantiveram um encontro formal, por volta das 11horas, com o alta comando da Marinha de Guerra de Em entrevista exclusiva com o jornal OPAÍS, Manuel Francisco (pai do jovem Leonardo dos Santos Alberto) disse que a informação que receberam da Marinha é que os dois fuzileiros continuam desaparecidos e a equipa de resgate não baixou a guarda, pelo que as buscas continuam.

Os cinco militares não estavam no manifesto

Diante deste quadro, as famílias foram aconselhadas a aguardarem pelos resultados das buscas. A Marinha de Guerra, segundo o entrevistado, deve ser um órgão que supostamente tenha meios que dão para mergulhar em águas profundas, pelo que não entende como ainda não fizeram este trabalho.

Manuel Francisco disse ainda que está espantado por quê os cinco militares, que estavam na lancha supostamente naufragada, não estavam no manifesto dos efectivos que iriam à província do Namibe. No manifesto que saiu de Luanda tinha outras pessoas. “Não sei de onde partiu esta confusão toda, mas desconfiamos que tenha partido da Região Naval Sul. Gostaríamos que fôssemos contactados tão logo se deu a tragédia, e não que tomássemos conhecimento da forma como tomámos: nas redes sociais. Isso aconteceu na Quarta-feira, 18, as 14 horas e apenas fui informado na Quinta, 19, através do facebook”, disse. Desde o dia desta alegada incidência, as famílias perderam o contacto com estes dois efectivos do corpo da Marinha. À luz destas alegações que lhes causam choque e perturbação, as famílias procuraram, por inúmeras vezes, obter informação oficial sobre a localização e paradeiro dos seus familiares efectivos da marinha, mas sem sucesso.

Nenhuma das famílias conseguiu manter contacto com os sobreviventes, do grupo de cinco, que iam na lancha naufragada. Manuel Francisco voltou a sublinhar que tomaram conhecimento via redes sociais, dos colegas do filho, mas estes mesmos que publicaram, depois, “foram orientados a retirarem tudo que haviam publicado”. Esta situação leva-lhe a crer que alguma informação está a ser ocultada.

César Augusto Campos Kissanga, de 32 anos de idade, de nacionalidade angolana, é tenente, licenciado em artes militares da Marinha em Portugal; já Leonardo dos Santos Alberto, de 24 anos de idade, angolano, é cabo, fuzileiro e especialista de técnica e armamento. OPAIS