No protesto exigia-se aos “políticos” respeito pela companhia angolana TAAG e pelos seus trabalhadores.
“Quando é que um estrangeiro chega aqui, sem autorização de ninguém para se introduzir na companhia de bandeira e colocar em perigo os empregos, os trabalhos dos angolanos? Tem cunho político sim”, criticou uma responsável sindical, aludindo ao presidente executivo da companhia, o espanhol Eduardo Soria.
No vídeo que circulou nas redes sociais, a mesma dirigente exige encontrar-se com a administração da empresa e com o Ministério dos Transportes, enquanto várias hospedeiras desfilam de mão dada, envergando as fardas da companhia.
O comunicado hoje divulgado afirma que o titular da pasta dos Transportes aconselhou os membros daquele sindicato “a esgotarem todos os esforços e canais” previstos na lei “para verem resolvidas as suas legítimas preocupações” e exigiu a abertura de um espaço de diálogo, “para sanar as questões divergentes, incluindo a partilha de informação sobre a estratégia empresarial em curso e futuro” da companhia aérea de bandeira.
Segundo o comunicado, Ricardo Viegas d’Abreu quis saber quais foram “as reais motivações que levaram a que se chegasse a um ponto extremo de uso de mecanismos mediáticos e eventualmente à margem da lei”, recomendando ao sindicato e à TAAG que criem “um clima negocial e de comunicação, franco e aberto”.
“Preocupa-nos ver vídeos nas redes sociais, sem que para se atingir esse clima de rutura se tenham esgotadas todas as alternativas, previstas na Lei, incluindo a negociação de um caderno reivindicativo que nunca foi apresentado pelo sindicato”, diz o ministro, citado na mesma nota.
“Pelo conteúdo dos vídeos, comentários e uma vez auscultado o referido sindicato, é nítida a perceção de que está a haver deturpação sobre a estratégia de reestruturação da TAAG”, lê-se no comunicado, onde o ministro reitera que “o caminho não pode ser construído, com calúnia, difamação e ofensas pessoais”.
O governante alertou ainda para a necessidade de melhorar a comunicação, reafirmando a necessidade de o Conselho de Administração abrir “espaço para o diálogo com a classe e auscultação das suas preocupações e inquietações de forma civilizada e urbana”.
Os responsáveis sindicais “foram unânimes em sublinhar que por não se sentirem ouvidos, pelo Conselho de Administração, face ao que entendem serem violações ao Acordo Coletivo de Trabalho mutuamente celebrado, resolveram, publicamente, pressionar”, adianta a nota do Ministério dos Transportes, indicando que estão disponíveis para “sentar-se à mesa” caso sintam essa disponibilidade da administração.
“Entendem que jamais a situação teria chegado ao ponto da divulgação pública das suas reivindicações, se houvesse uma comunicação mais assertiva quanto às reformas em curso na TAAG, no que ao destino da classe de PNC diz respeito”, acrescenta o comunicado.
As inquietações sobre o futuro da TAAG já tinham anteriormente dado lugar a um esclarecimento público da companhia aérea sob a forma de entrevista com a presidente do conselho de administração, Ana Major, após ter sido anunciado que a operação em Lisboa iria adotar o modelo GSA (General Sales Agent), passando a escala a ser gerida pela entidade Summerwind GSA.
Nesse documento, Ana Major desmentia a venda da TAAG a um grupo espanhol e dizia que a empresa não iria fechar em Portugal.
“Porém, será mantido um núcleo mínimo e essencial de colaboradores TAAG em Lisboa”, acrescentava Ana Major, garantindo que seriam acautelados os direitos legais dos trabalhadores.
A presidente da TAAG negava também relações familiares entre os diretores executivos da TAAG e da Summerwind, que têm em comum o apelido Soria e sublinhava que a companhia angola não estava entregue a um estrangeiro, sendo mais de 95% da sua força de trabalho angolana.
Abordava ainda questões relacionadas com o aluguer de aviões da companhia Hi Fly em formato ‘wet lease’ (com tripulação incluída) por períodos de curto prazo, explicando que esta foi a forma mais célere de responder à necessidade emergente em termos de aeronaves disponíveis num período de pico no mercado.
Realçava ainda que a TAAG celebrou um acordo comercial com a ALC (Air Lease Corporation) para a disponibilização de seis aeronaves Airbus A220-300, com entregas faseadas a partir de agosto de 2023, cuja operação “contará exclusivamente com pilotos e pessoal de cabine angolano, bem como, a gestão da manutenção será feita por equipas locais”.
Ana Major respondia ainda à questão de passar a ter voos comerciais de passageiros operados pela Hi Fly em Airbus para rotas como Lisboa, justificando que era necessário alocar mais aeronaves para responder ao elevado fluxo de passageiros em trânsito para os destinos na Europa, sendo o Airbus A330 uma aeronave mais económica para essa ligação.
“Sendo esta uma rota muito competitiva com concorrência de outros operadores é importante conseguirmos garantir as ligações e, ao mesmo tempo, obter eficiência operacional (redução de custos e índices de consumo de combustível). Paralelamente e de forma estratégica a frota Boeing vai reforçar as ligações para Havana/Cuba e São Paulo/Brasil onde não há competição. É, portanto, uma decisão que aporta ganhos para a TAAG”, justificou.