“A grande preocupação para os defensores de direitos humanos da região é que o jovem Man Gena corre sérios riscos de silenciamento em Angola, para onde as autoridades moçambicanas o querem mandar de volta” por entrada ilegal no país, lê-se num comunicado da rede.
A ideia é sublinhada num vídeo publicado nas redes sociais por Adriano Nuvunga, ativista que hoje realçou que se faltam documentos a Man Gema é porque fugiu para salvar a sua vida e da família – dois filhos e a esposa, grávida, todos também em Maputo.
“Ele veio para Moçambique em busca de refúgio”, referiu, sublinhando que “o seu único crime foi denunciar tráfico de droga com alegado envolvimento da elite política angolana”.
Além das autoridades moçambicanas, Nuvunga apela “à Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), à União Africana (UA) e a toda a comunidade internacional para evitarem a deportação para Angola, porque pode levar a mais um assassinato com motivações políticas” na região.
Já em Maputo, a perseguição parece ter continuado, de acordo com o comunicado da Rede Moçambicana dos Defensores de Direitos Humanos.
A organização relata que Man Gena foi alvo de uma tentativa de rapto na capital moçambicana, no domingo, o que o levou a procurar proteção numa esquadra, mas onde acabou detido por alegada entrada ilegal em Moçambique.
O denunciante está detido juntamente com as suas duas crianças e a esposa.
“Por força da Constituição, das leis e das convenções internacionais de que Moçambique é signatário, o Estado tem a obrigação de conceder asilo a todos os indivíduos que sejam injustamente perseguidos por causa das suas opiniões”, acrescenta a rede.
A Lusa tentou obter esclarecimentos junto do Serviço Nacional de Migração (SENAMI) moçambicano, mas não obteve resposta.
Fonte oficial disse à Lusa em Luanda que por parte das autoridades angolanas não há nenhum pedido de extradição, embora haja processos-crime contra o jovem em Angola.
Eugénio Quintas, mais conhecido por Man Gena, destacou-se nas últimas semanas ao usar o Youtube para fazer várias denúncias sobre o tráfico de droga em Angola, com alegado envolvimento das elites políticas e das autoridades.
As denúncias levaram uma comissão parlamentar a questionar no último mês o ministro do Interior angolano, Eugénio César Laborinho, que rejeitou qualquer envolvimento de altas patentes das forças de segurança.