Bento Rafael explicou que na sexta-feira foi dado o “pontapé de saída” deste processo no posto da nova marginal de Luanda, que vai permitir que estes prestadores de serviço na área dos transportes públicos paguem o preço anterior de 160 kwanzas (0,25 euros) o litro da gasolina ao invés dos atuais 300 kwanzas (0,48 euros) o litro deste derivado de combustível.
Na quinta-feira passada, o Governo angolano anunciou o início da retirada gradual da subvenção aos combustíveis, que incidiu na primeira fase sobre a gasolina.
“Hoje a direção provincial dos transportes ficou de passar os cartões para as direções municipais e a partir das municipais, que são os pontos onde estivemos a fazer o licenciamento, registo e cadastro, seriamos chamados no sentido de fazermos a entrega ou recebimento dos cartões”, disse Bento Rafael, em declarações à agência Lusa.
O responsável contactou hoje vários diretores municipais, que lhe garantiram que continuam a receber os cartões na direção provincial, para a seguir lhe comunicarem e procederem às entregas.
“Estou também à espera que isso aconteça para poder intervir na chamada dos moto taxistas para rececionarem esse cartão”, referiu o presidente da Amotrang, que tem nesta altura licenciados mais de 50 mil membros, mas um número que “está ainda distante” do real.
“Tanto é que o licenciamento para nós e para o Governo não terminou. O que terminou foi o licenciamento especial, que é aquele sem qualquer pagamento, agora vai continuar, terminou este prazo de bonificação, agora o que vai continuar é o licenciamento com os emolumentos pagos. É outro passo que vamos ter que dar, porque existem outros milhares de motoqueiros que por alguma dúvida, falta de informação, não foram a licenciamento neste período”, frisou.
Bento Rafael considerou que existe uma “precipitação” por parte dos moto-taxistas que subiram o preço das corridas. Entretanto, o Governo prometeu que o dinheiro que estão a gastar enquanto não forem entregues os cartões será ressarcido.
“Nesses casos há sempre um bocado de precipitação, é uma coisa nova, vai começar agora, mas nós também, preventivamente, colocamos o problema ao Executivo na reunião de pormenores que tivemos no Ministério dos Transportes, porque já prevíamos atraso na entrega dos cartões e o que nos disseram é que esses cartões, ao serem entregues atrasadamente deveriam trazer um ressarcimento do valor”, salientou.
“Aqueles que estão a abastecer a 300 kwanzas quando receberem o cartão, esses dias que estão a passar, terão contemplação do valor dos acréscimos”, acrescentou.
Bento Rafael sublinhou que a pretensão da Amotrang era que ao anunciarem o aumento do preço, tivessem já os cartões todos emitidos, com base nos licenciamentos que foram feitos nas administrações municipais, “mas coisa nova, falha aqui, falha ali”.
“Eu considero precipitação, se calhar até falta de fé no processo, por isso é que estão a subir o preço das corridas, mas da forma como acompanhamos este movimento e estivemos nesses encontros de concertação, não há necessidade aparente de se subir o preço da corrida”, frisou.
“Nós realmente já estivemos a falar com os nossos fiscais, com os nossos responsáveis ao nível dos municípios, para conversarem muito com os motoqueiros. Vamos partir para a sensibilização, utilizando sobretudo os órgãos de comunicação social para evitarmos essa precipitação”, expressou.
Bento Rafael disse ainda que durante as concertações, os associados colocaram a preocupação sobre os transtornos que um aumento da gasolina para todos iria causar, com a penalização sobretudo da população.
“Baseamo-nos mesmo no nível dos nossos transportados, que são pessoas de baixa renda. Na argumentação eu disse: subir o preço do combustível para os moto taxistas e os taxistas seria igual que preparar levantamentos contra a governação, porque essas pessoas de baixa renda não teriam outra coisa se não se levantarem contra o Governo e nós queremos evitar isso”, observou.
A atribuição de cartões personalizados, com um plafond diário de 7.000 kwanzas (11,3 euros), foi o mecanismo encontrado pelo Estado para atender apenas membros licenciados desta classe, embarcações de pesca artesanal, mantendo também isento o setor agrícola.
Hoje, a província do Huambo registou tumultos na sequência de uma manifestação realizada por taxistas e moto-taxistas, dispersada pela polícia, para já com "muitos danos materiais", segundo o porta-voz da corporação naquela região.