Em causa está uma medida anunciada na segunda-feira à noite pelo governo da província de Luanda que proibiu a realização de espetáculos, atividades religiosas e festas, sem autorização, em zonas residenciais e locais públicos e abertos devido às queixas de ruído.
“É das tais medidas sem ponderação, sem ouvir, sem auscultar, eu penso que eles deveriam juntar a classe profissional, alguns profissionais reconhecidos, como consultores, como interlocutores do governo de Luanda, ouvi-los, os prós e contras, qual é a melhor maneira de atenuarmos isto de respeitarmos as zonas residenciais, de respeitarmos as pessoas que estão a dormir”, disse Kayaya Júnior, em declarações à Lusa.
Segundo o gestor de eventos, “a medida em si não é má”, mas foi tomada de forma precipitada, atendendo ao facto de Luanda dispor maioritariamente de espaços abertos para a realização de eventos.
“Porque sem criar condições para o exercício dessas atividades, eu penso que estamos a meter a carroça à frente dos bois, essa é a minha opinião. Agora vamos ver como é que isso vai acontecer ou como é que eles vão conseguir monitorizar e fiscalizar essa medida, porque eu penso que é das tais medidas que são aplicadas, mas não são colocadas em prática na sua totalidade”, salientou.
Para Kayaya Júnior, implementar tal medida “é um desafio muito grande, porque todas as áreas onde se fazem eventos em Angola estão dentro de uma área residencial” e Luanda “não tem uma cidade de entretenimento”
“Então, acho que deviam primeiro criar políticas para todos, quando digo todos, é mesmo todos, porque quando acontecerem atividades políticas de certeza absoluta que eles não vão olhar para essas restrições”, frisou, reiterando que é preciso que se criem “políticas que servem para todos”.
“Não podemos proibir de forma radical, devemos é criar políticas para todos cumprirem e eu acho que é aí onde está a falha desta medida, mas vamos aguardar para ver”, ajuntou.
De acordo com Kayaya Júnior, em conversa com outros colegas da área percebeu que entre os profissionais “ninguém foi contactado, ninguém recebeu uma notificação, ninguém foi abordado para, no mínimo, fazer uma auscultação, se a medida é pertinente agora, se não é, o que é de devíamos fazer, não!”
“Isso é das tais coisas que é decidido assim, cai que nem uma chuva, uma tempestade para cima de todos nós assim de repente”, disse, lembrando que essencialmente os salões de festas que recebem casamentos “vão ressentir-se” pois estão integrados em zonas habitacionais.
O profissional da área propõe que sejam estabelecidas regras para os eventos ao ar livre, como um horário para as atividades, por exemplo.
“O evento começa às X horas e acaba X, depois desta hora os decibéis têm de baixar, têm de se adequar à zona urbana de residências, mas em simultâneo deviam ter sido criadas primeiro condições para a organização e realização desse tipo de eventos”, argumentou, reiterando que “a cidade de Luanda precisa é de ter regras para todos”.
O produtor de eventos adianta que estas medidas, mesmo que sejam pertinentes, se forem tomadas de forma errada acabarão por se tornar impopulares.
“Porque não foram ponderadas, não foram equacionadas, ninguém ouviu a classe, ninguém ouviu o setor e é mais do mesmo se formos a olhar e ver o histórico, essas medidas acabam por cair sempre assim um bocado de repente”, vincou.
O GPL refere, num comunicado, que tem recebido denúncias e reclamações por parte dos munícipes devido à poluição sonora resultantes de eventos culturais e recreativos realizados em zonas residenciais.