Cláudio Pinheiro avançou a informação em declarações à imprensa, no final da apresentação do Estudo Banca em Análise, da Deloitte Angola, que aponta para uma queda dos resultados líquidos da banca angolana de 13,6%, em 2022, em termos homólogos, para 367 mil milhões de kwanzas (396 milhões de euros), devido essencialmente ao agravamento dos prejuízos do BPC e aumento de imparidades.
O presidente do Conselho de Administração do BPC manifestou-se confiante nos indicadores alcançados pelo maior banco público angolano, nos dois últimos anos, que sinalizam uma “trajetória de crescimento, de resultados positivos”.
Para Cláudio Pinheiro, com os resultados de 2022 e do ano em curso, “estão lançadas as bases” para reverter “a situação difícil por força da carteira de crédito malparado” e sinaliza “o terminar em definitivo do banco a caminhar em terreno negativo, para a trajetória de crescimento e de resultados positivos”.
Segundo o responsável, o banco tem vindo a implementar o Plano de Recapitalização e Reestruturação, sendo que 80% da carteira de crédito malparado foi repassada à Recredit, “e por conta disto foram constituídas imparidades, que constituem custos que acabaram por conduzir a uma necessidade de recapitalização”.
“Feita a recapitalização e também os investimentos em tecnologia, na gestão dos sistemas informáticos, na disciplina laboral, na otimização dos custos operacionais, foi possível trazer o banco a uma posição de crescimento do produto bancário”, destacou.
“O banco saiu da sexta posição, em termos de depósitos, e fruto da confiança que tem recuperado no mercado e dos seus clientes foi possível almejar também a quinta posição, tendo a carteira de depósitos”, sublinhou.
A nível do crescimento de créditos, o estudo revela que foi o BPC que teve a segunda maior taxa de crescimento, o que “indicia que de facto o banco retomou o seu processo norma de concessão de crédito”, vincou Cláudio Pinheiro.
De acordo com o presidente do BPC, o banco não está a conceder crédito ao setor produtivo, mas às famílias, a clientes particulares, “que é o segmento tradicional do banco”.
“E quando se diz financiamentos a famílias, a particulares, estamos exatamente a dizer que estamos a financiar consumo, estamos a financiar necessidades de particulares, que vão dinamizar, que vão dirigir uma procura à oferta na economia”, disse.
“Portanto, o banco aqui sinaliza um retomar e com a celeridade que se impõe, para aquilo que é o seu reposicionamento”, acrescentou.
Relativamente ao crédito malparado nesta nova vaga de concessão de créditos, Cláudio Pinheiro disse que ronda 1%, fruto da otimização dos processos chave de negócio, que permite hoje terem “uma identificação de riscos, uma avaliação de riscos, uma aprovação de créditos muito mais responsável”.
“E um acompanhamento por parte do ‘board’, por parte dos vários comités de créditos muito próximos da situação de algum incumprimento e, portanto, andamos à volta de um rácio de incumprimento para créditos novos, da carteira de crédito nova, em torno de 1%”, frisou.
Cláudio Pinheiro disse que desde 2021, o banco não encerra agências bancárias nem dispensa trabalhadores, salientando que têm vindo a acontecer as “saídas induzidas” (rescisões por mútuo acordo, iniciativas do próprio colaborador e programas de antecipação de reforma).
Relativamente às agências, indicou que a rede comercial hoje está otimizada para aquilo que são as necessidades e estratégia de reposicionamento do banco no mercado, satisfazendo o atual número de agências.
Em 2017, o BPC registou um buraco de 5.200 milhões de dólares (na altura 4,58 mil milhões de euros) de ativos com baixo desempenho e em incumprimento, essencialmente crédito malparado, o segundo pior registo da história da banca em Angola.