Adalberto da Costa Júnior, que está desde sexta-feira em Cabinda para uma visita de trabalho que inclui contactos com várias entidades, realizou o primeiro comício do ano, escolhendo esta região do norte de Angola, para agradecer o “voto de confiança expressivo” na UNITA, que conquistou a província ao MPLA (no poder) nas últimas eleições de 2022.
O presidente da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) fez do MPLA e do seu líder, João Lourenço, também Presidente angolano, o principal alvo do seu discurso, sublinhando que “quem ganhou não está a governar” e recordando o período eleitoral e pós-eleitoral de 2022 em que o “Estado não soube respeitar a democracia”
“Nós tivemos problemas em todos os comícios, mas não dissemos nada, porque o medo é inimigo dos direitos e diminuiu a participação”, afirmou Adalberto da Costa Júnior, justificando desta forma os pelos feitos à “tolerância” e democracia
Em tom de provocação, questionou os militantes e simpatizantes da UNITA que hoje se concentraram para ver o líder do partido sobre “qual era a Angola pior? A de João Lourenço ou a de José Eduardo dos Santos”, recebendo como resposta “João Lourenço.
“Dirigentes que estão sentados no poder oiçam o povo, Angola esta pior, temos maus governantes na cadeira do poder”, atirou.
Adalberto da Costa Júnior afirmou que a Angola de hoje não esta só mal em termos económicos e financeiros, mas registou também uma redução na qualidade da liberdade e da pluralidade da comunicação social
Considerou que o regime está a conduzir Angola para se tornar numa Coreia do Norte, apontando a nova lei da segurança nacional como um perigo para a democracia, que concede, por exemplo, permissão para desligar a Internet em todo.
Joao Lourenço, responsabilizado pela pobreza e por impedir o desenvolvimento de Angola é também o culpado por não haver autarquias, defendeu o dirigente da UNITA, criticando as tentativas de responsabilizar os deputados pela não aprovação do pacote legislativo autárquico porque quem esta sentado na cadeira do poder tem medo das autarquias
O líder da UNITA garantiu que vai levar o tema das autarquias “para todo o lado em 2024” e disse que a nova Divisão Político Administrativa do País tem como único objetivo impedir a realização do poder local.
Temos de voltar à pressão publica, temos de voltar à rua, (porque) há pessoas que só sabem ouvir dessa maneira”, continuou o político, sublinhado que é preciso “sair da zona de conforto” e, se for o caso, voltar as manifestações,
“Desde que as eleições acabaram, meteram na cadeia muita gente, é para vos meterem medo. Mas aqui não há ninguém cego nem distraído”, vincou
Adalberto Costa Júnior apelou também aos dirigentes europeus e de outros +países que não apoiem ditaduras em África, salientando a necessidade de punir golpes de Estados institucionais pelos partidos que governam
“Os dirigentes têm de vir aqui e mostra que falam com a pluralidade senão vamos pensar que estão alinhados”, referiu, acrescentando que a UNITA tem andado em busca de solidariedade para Angola
“Tirámos as lições de 2022 e não vamos voltar a repetir em 2027”, prometeu.
O Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) realizou também hoje o seu arranque do ano político com um comício em Luanda, onde João Lourenço discursou, deixando também diversos recados à UNITA