Na cerimónia de inauguração, João Lourenço defendeu o aumento da produção agrícola e industrial, destacando o potencial de Angola neste domínio, e incentivou ao repovoamento bovino para parar com as importações de carne.
“Angola precisa de fazer o repovoamento pecuário do país e, mais especificamente, repovoamento bovino”, defendeu, apontando o planalto da Camabatela como uma zona privilegiada.
Criticou, por outro lado, o facto de Angola continuar a importar carne de países como o Brasil, Argentina ou Botsuana.
“O país está há 46 anos a importar carne quando tem condições muito boas para ser autossuficiente para produzir carne, em particular carne bovina”, apontou.
No mesmo sentido, apelou aos investidores privados que apostem na indústria de curtumes, pois do gado “deve-se aproveitar tudo, não deve haver desperdício”, indicando que as peles deviam ser mais valorizadas, até por questões ambientais.
O chefe do executivo angolano foi questionado sobre a morte do gado proveniente do Chade, que foi entregue a Angola, no ano passado, como parte do pagamento da dívida daquele país, sugerindo que não se deveu à falta de adaptação.
“O gado africano tem muito maior probabilidade de sobreviver num país africano”, disse João Lourenço, lembrando que Angola já recebeu animais provenientes de outros países, como o Brasil, pelo que o problema não seria falta de adaptação, mas por eventual falta de condições de quem recebeu o gado.
“O gado acaba por se comportar como um hóspede num hotel, tem de encontrar condições que só dependem do homem e, se não encontrar, o resultado é mau. Estamos proibidos de deixar que aquela desgraça se repita”, frisou.
Em junho do ano passado, o Governo confirmou a morte de 385 bovinos de um total de 4.351 importados do Chade, que atribuiu a uma peripneumonia contagiosa.
A fábrica da Quinta de Jugais Angola, com 8.000 metros quadrados, vai produzir produtos de charcutaria, cozidos e fumados, contando com uma capacidade instalada para o processamento de 800 toneladas por mês.
Fiambre, mortadela, chouriço e enlatados são alguns dos produtos que vão sair da fábrica de direito angolano, localizada na Zona Económica Especial (ZEE) Luanda-Bengo, em Viana (arredores de Luanda), que vai criar mais de 170 empregos.
Segundo o ministro da Indústria e Comércio, Victor Fernandes, com a nova unidade, Angola passa a contar com oito fábricas de transformação de carnes, que processam 19.884 toneladas por ano e criam um total de 418 postos de trabalho.
Entre 2019 e 2021, o país importou 143.910 toneladas de transformado de carne, equivalentes a 220 milhões de dólares (194 milhões de euros).