Ucrânia: Economia de Angola tem sido resiliente a impacto do conflito, mas há incertezas – BNA

O governador do Banco Nacional de Angola (BNA) considerou hoje que a economia angolana se tem mostrado “resiliente” face ao impacto do conflito europeu na Ucrânia, mas avisou que há “incertezas” que aconselham prudência na política monetária.

“A nossa economia, como as demais, funciona num contexto de integração, de globalização, há efeitos que independente do distanciamento geográfico acabam por nos afetar”, disse José de Lima Massano, em Luanda, no final da reunião do Comité de Política Monetária.

O governador apontou impactos a dois níveis: no preço do barril de petróleo, que está agora acima das projeções mais otimistas, o que é positivo para os países exportadores como Angola, mas também efeitos negativos relacionados com a importação de alimentos e matérias-primas, devido à subida do preço das ‘commodities’, o que se vai refletir em termos internos.

 “A nossa economia tem-se mostrado resiliente. Isto verificamos também com o comportamento mais recente da inflação e a nossa expectativa é que se mantenha neste curso de abrandamento, daí mantermos a previsão para este ano em torno dos 18%”, salientou.

No entanto, complementou, o BNA está atento à evolução dos acontecimentos: “Atualmente estamos atentos a todos os efeitos, quer internos, quer externos, que poderão condicionar esta evolução e o BNA também está preparado para, com os seus instrumentos, influenciar a manutenção da estabilidade de preços”.

“O facto de termos um ligeiro abrandamento da taxa de inflação não nos pode permitir já fazer uma alteração do curso de política monetária, temos ainda muitas incertezas”, destacou o responsável do BNA.

José de Lima Massano reforçou que o banco central vai continuar a prosseguir políticas que conduzam à inflação de um dígito: “O que nós procuramos é a inflação de um dígito, as nossas ações a prazo têm de nos levar para inflação de um dígito”.

A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.232 civis, incluindo 112 crianças, e feriu 1.935, entre os quais 149 crianças, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.

A guerra provocou a fuga de mais de 10 milhões de pessoas, incluindo mais de 4 milhões de refugiados em países vizinhos e quase 6,5 milhões de deslocados internos.

A ONU estima que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.