Questionado pela Lusa, à margem da conferência Angola Oil&Gas, sobre os dados divulgados terça-feira, que colocam a inflação de agosto em 13,54%, nos limites do intervalo de 12 a 14% esperado pelo Governo, Lima Massano considerou que a inflação está, ainda assim, dentro do que era expectável.
“Não estamos com uma situação de descontrolo a esse nível, por isso os parâmetros continuam a ser de razoabilidade e esperamos que, nos próximos meses, o comportamento dos preços venha a ser mais brando”, frisou, embora reconhecendo que a pressão sobre os preços continua, essencialmente devido a fatores como a oferta no mercado internacional, a desvalorização do kwanza e o impacto da correção do preço dos combustíveis.
Sobre se o Governo irá rever em baixa as suas previsões de crescimento para 2023, a exemplo do FMI, devido essencialmente à redução da produção petrolífera, o ministro escusou-se a responder, optando por sublinhar que o foco tem sido o setor não petrolífero.
“A nossa expectativa é que continue a crescer, apesar deste contexto desafiante, mas com um conjunto de medidas de estímulo e potenciação da própria economia, o que esperamos é que, neste ano de 2023, o setor não petrolífero continue com um ritmo de crescimento em linha com o crescimento da população”, afirmou Lima Massano.
O responsável destacou que Angola não tem influência direta em alguns dos fatores que acabam por impactar na produção e no preço do petróleo e reiterou, por isso, que é o setor não petrolífero que tem de continuar a crescer, de forma robusta e que seja capaz de atender às principais necessidades do país.
“O setor petrolífero, sim, é um catalisador da nossa economia, continua a representar cerca de 95% das nossas exportações, e, por isso, da geração de recursos cambiais, recursos esses que são utilizados para continuar a estimular os demais setores da economia. Partindo do princípio que o setor petrolífero tem uma dinâmica própria, onde temos de pôr mais atenção e mais energia é no não petrolífero”, vincou.
Questionado sobre a emissão de ‘eurobonds’ (títulos da dívida soberana lançados em moeda estrangeira) disse que não está a ser considerada para 2023.
“Estamos a procurar organizar as nossas finanças públicas para sermos capazes de executar o Orçamento Geral do Estado e com os recursos que temos disponíveis. ‘Eurobonds’ podemos considerar para exercícios seguintes”, disse.
Na abertura da conferência, o ministro salientou que Angola está a alterar a matriz energética, investindo em fontes alternativas de energia elétrica e acrescentou que o “exercício de redução da emissão de gases tem de ser feito de forma consciente, tendo conhecimento da realidade de cada país e os investimentos que se impõem para que os recursos naturais continuem a ser explorados”.