"As economias têm essas sazonalidades, Angola não está fora das sazonalidades clássicas, tivemos esse choque cambial, mas já estamos num patamar de equilíbrio, portanto não é uma questão de volatilidade, mas sim de previsibilidade da taxa, que atingiu um novo equilíbrio", disse Ivan dos Santos.
Em declarações à Lusa, à margem da conferência Doing Business Angola, que decorreu na terça-feira em Lisboa, o governante salientou que o importante é haver previsibilidade da taxa de câmbio e defendeu: "Já conseguimos atingir esse equilíbrio dentro do que é uma política cambial aceitável para o mercado angolano".
O kwanza caiu fortemente na primeira metade deste ano, essencialmente devido ao final da moratória de três anos sobre a dívida chinesa, que terminou em junho e coloca pressão sobre as reservas em moeda externa, à queda das receitas petrolíferas, dada a redução de preços e produção, e aos cortes na taxa de juro entre janeiro e junho, para 17%.
No princípio de janeiro, 1 dólar valia pouco mais de 500 kwanzas, mas, em maio, a moeda angolana começou a desvalorizar-se e, em junho, já eram precisos mais de 830 kwanzas para comprar um dólar, valor que tem estado mais ou menos constante até agora.
Questionado sobre a importância do setor petrolífero e a tentativa de diversificação da economia, Ivan dos Santos defendeu que já é o setor não petrolífero que está a impulsionar o crescimento da economia angolana, que deverá crescer abaixo de 2% este ano, havendo várias consultoras a preverem um crescimento bem mais baixo ou até o regresso à recessão.
"Temos de olhar para o crescimento na ótica do que é o crescimento petrolífero e não petrolífero; com este modelo de crescimento não petrolífero maior que o petrolífero, há margem para os investidores investirem no agronegócio e na indústria", disse o governante, vincando que a grande mensagem do Executivo é convencer os investidores de que Angola mudou.
"Estávamos habituados a viver da produção e da exportação de petróleo, mas o paradigma mudou a partir de 2017, com a diversificação, e o motor de crescimento agora é o agronegócio", afirmou, lembrando que o plano estratégico de desenvolvimento até 2050 mostra a vontade de depender cada vez menos do crude e de apostar no investimento privado.
"A nossa visão estima que vamos precisar de 950 mil milhões de dólares para atingir os objetivos do plano, dos quais 450 mil milhões virão do investimento estrangeiro no setor não petrolífero. É o privado que tem a maior fatia para dinamizar a economia de Angola", salientou, apontando que o governo está a dar muita importância "à melhoria do ambiente de negócios, facilitação na obtenção de vistos, introdução do IVA para os bens de produção local e capitalização de algumas instituições bancárias".
Tudo isto, concluiu, "catalisa quem quer investir e participar no setor industrial e do agronegócio".