Os dados foram avançados em conferência de imprensa pelo presidente do conselho de administração da Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANPG), Paulino Jerónimo, que assinalou os cinco anos de atividade da concessionária nacional, criada em 2019.
Para os próximos cinco anos estão previstos investimentos na ordem dos 71 mil milhões de dólares (65,6 mil milhões de euros), dos quais não contam a aposta na produção incremental, sublinhou Paulino Jerónimo, manifestando-se confiante que com este projeto se venham a duplicar os investimentos.
Segundo Paulino Jerónimo, este projeto está a ser discutido com o Ministério das Finanças e tem como objetivo principal dar incentivo às empresas que produzam acima do previsto.
Abaixo do previsto de produção, a partilha de petróleo e lucro será feita de acordo com o contrato. E o que for produzido acima será partilhado de acordo com a negociação entre a concessionária e o operador.
O presidente do conselho de administração da ANGP referiu que atualmente o país está a produzir diariamente 1,1 milhões de barris, quantidades que atingiriam os 1,2 milhões de barris de petróleo por dia, não fossem as perdas diárias de 90 mil barris de petróleo.
No último quinquénio, o país registou perdas de produção não planeadas de cerca de 170 milhões de barris de petróleo, devido ao envelhecimento da maior parte das concessões, desenhadas para operar entre 15 e 20 anos, algumas já com mais de 60 anos de existência.
“E as nossas grandes instalações como o Girassol, o Dália, têm já mais de 20 anos de vida e isto faz com que os sistemas destas instalações tenham mais falhas, as falhas são mais recorrentes. A manutenção preventiva regular já não é suficiente para atenuar estas falhas, requer-se um esforço maior, investimentos”, disse a diretora de produção da ANPG, Ana Rosa Miala.
Ana Rosa Miala destacou que, com todos os incentivos que estão a ser dados no setor, as falhas das instalações vão reduzir, com a sua reabilitação pelos investidores, e uma melhor fiscalização dos programas de trabalho dos operadores, de acordo com as práticas internacionais, baseadas na nova regulação técnica.
A responsável frisou que a meta continua a ser uma produção acima dos 1,2 milhões de barris por dia, com o trabalho de exploração, licitações e novas descobertas na bacia do Namibe, na bacia do kwanza e de Benguela, além da bacia do Congo.
Para 2024 estão previstas perfurações de 43 poços, seis poços a mais do que em 2023.
Paulino Jerónimo realçou que, nos últimos cinco anos, dois dos quais marcados pela pandemia da covid-19, que constituiu para a agência “um grande desafio”, foi atenuado o declínio acentuado da produção, retomadas as licitações para novas concessões, criadas condições para a manutenção dos investidores e entrada de outros novos.
“O balanço é positivo. Quando falei do encontro entre o Presidente da República e as operadoras petrolíferas, vivia-se um período de desespero, em que o nosso ambiente de negócios se tinha deteriorado muito. (…) Eu estive em reuniões em que os investidores disseram que iam suspender os investimentos em Angola, de facto a situação estava mal”, disse.