A decisão foi anunciada pelo Presidente angolano, João Lourenço, no final da cimeira tripartida, que visou abordar o conflito armado no leste da RDC.
No quadro da reunião, que decorreu na capital angolana sob mediação do Presidente João Lourenço, as partes acordaram, também, a imediata retirada das posições ocupadas pelo M23 no leste da RDC.
“É com satisfação que devo anunciar que tivemos progressos, na medida em que acordamos um cessar-fogo”, anunciou o Chefe de Estado angolano no final do encontro.
João Lourenço afirmou que as partes decidiram, igualmente, a criação de um mecanismo de observação “Ad-hoc” que terá à cabeça um oficial general angolano.
Adiantou que o referido mecanismo vai vigorar simultaneamente com outro existente a nível da Conferência Internacional sobre a Região dos Grandes Lagos (CIRGL).
Para além disso, prosseguiu o Presidente angolano, ficou acordada a realização da reunião da comissão mista RDC e o Ruanda, em Luanda, na próxima terça-feira (12).
Sobre a cimeira, o Chefe de Estado angolano referiu que “houve um entendimento perfeito” entre os três presidentes.
A actual escalada da tensão deve-se ao ressurgimento do grupo M23 (Movimento 23 de Março), milícia armada que em 2012 fez oposição ao governo congolês e gerou um violento conflito naquela região.
O M23 era inicialmente uma milícia formada por tutsis da RDC e, alegadamente, apoiada pelos governos de Ruanda e Uganda. Em 23 de Março de 2009, a milícia assinou um acordo de paz com o governo congolês que culminou com a incorporação dos seus membros no exército da RDC.
Em 2012, o M23 reergueu-se contra o governo da RDC, acusado de não cumprir a sua parte no acordo assinado três anos antes. Nasceu, assim, o M23, em referência à data em que foi firmado o controverso pacto.
A tensão entre a milícia e o exército chegou ao ápice em Novembro de 2012, quando o M23 assumiu o comando da região de Goma (RDC).
As relações entre os dois países vizinhos complicaram-se desde que a RDC recebeu, na parte leste, hutus ruandeses acusados de participar do genocídio de tutsis em 1994.
Em Março do ano em curso (2022), a RDC acusou o governo do Ruanda de enviar militares das forças especiais para o território congolês.