Líderes da RDCongo e do Ruanda reúnem-se 4.ª feira em Luanda para aliviar tensão

Os Presidentes da República Democrática do Congo (RDCongo) e do Ruanda reúnem-se quarta-feira em Luanda, num encontro mediado por Angola, para aliviar a tensão entre os dois países, anunciou um porta-voz do governo de Kinshasa.

Felix Tshisekedi (RDCongo) e Paul Kagame (Ruanda) vão discutir as relações bilaterais e o conflito armado no leste da RDCongo, onde rebeldes do M23 no mês passado tomaram uma cidade perto da fronteira com o Uganda, anunciou o porta-voz das autoridades de Kinshasa Patrick Muyaya à Associated Press.

As autoridades da RDCongo alegam que o M23 é apoiado pelo Ruanda e acusaram este país vizinho de ocupar parte do seu território.

“Eles vão discutir a agressão do Ruanda na RDCongo”, disse Muyaya.

Questionado se a RDCongo ainda acredita que as tropas ruandesas estão a lutar ao lado dos rebeldes do M23 no leste do país, Muyaya respondeu de forma assertiva: "Isso é óbvio".

O Ruanda nega de forma reiterada apoiar o M23, contestando as referências nesse sentido de observadores de conflito, especialistas da ONU e outros.

O M23 é composto principalmente por combatentes da etnia tutsi da RDCongo que acusam o seu governo de não honrar os compromissos anteriores de os reintegrar no exército nacional.

A União Africana no início deste ano pediu ao Presidente de Angola, João Lourenço, para mediar a disputa RDCongo-Ruanda.

Um cardeal católico em Kinshasa, capital da RDCongo, pede o envolvimento do papa Francisco nos esforços de paz.

Tshisekedi disse na semana passada que os seus esforços para fazer a paz com o Ruanda não devem ser vistos como um sinal de fraqueza, mas na RDCongo muitos opõem-se a qualquer conversa, enquanto os rebeldes do M23 continuarem a ocupar território do seu país.

Kagame teve palavras duras para as autoridades da RDCongo em comentários feitas numa entrevista à televisão do seu país na segunda-feira, em que acusou Kinshasa de apoiar um grupo rebelde diferente que inclui combatentes acusados de participar do genocídio do Ruanda em 1994.

A RDCongo sempre negou apoiar as Forças Democráticas para a Libertação de Ruanda (FDLR), movimento rebeldes que luta contra o regime de Kigali.

“É a mesma história que [os ruandeses] contam há 20 anos. Por que razão a RDCongo os apoiaria para bombardear território do Ruanda? Essas acusações não são verdadeiras", disse Muyaya.

"Temos que lidar com centenas de grupos armados dentro do país e temos conversado com todos os vizinhos sobre uma estratégia comum para acabar com as atividades de grupos armados estrangeiros", vincou o porta-voz de Kinshasa.

Líderes regionais do bloco da Comunidade da África Oriental – ao qual a RDCongo se juntou recentemente – estão a trabalhar para enviar uma força de manutenção da paz para as províncias rebeldes do leste da RDCongo.

Ainda não está claro quando a força, que seria autorizada a desarmar insurgentes como o M23, será mobilizada.