"A decisão pertence ao Governo angolano. Tudo isso vai ser discutido e no tempo certo saberemos", disse Tulinabo S. Mushingi em entrevista à Lusa, adiantando que têm sido mantidos encontros com várias entidades a este propósito.
"Até agora, Angola não decidiu sobre esta questão, vamos esperar", acrescentou o diplomata, sublinhando que "se o país está a falar sobre transparência, esta deverá ser uma das questões em que vai procurar uma solução" e manifestando a disponibilidade dos Estados Unidos para partilhar as suas experiências sobre democracia com Angola.
O embaixador considerou ainda que todas as democracias, jovens ou mais antigas, como a norte-americana, têm os seus próprios problemas, lembrando os acontecimentos de janeiro do ano passado, quando partidário do ex-presidente Donald Trump invadiram o Capitólio, sede do Congresso dos EUA, em Washington.
"As tensões acontecem em muitas democracias, em muitas eleições do mundo, mesmo nos EUA, isso não me preocupa neste momento", realçou o diplomata, que chegou a Angola há três semanas.
Na última semana, militantes de partidos políticos angolanos, o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA, no poder) e o seu principal adversário, a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA, na oposição) envolveram-se em confrontos no Uíje, responsabilizando-se reciprocamente pelos atos de violência.
Tulinabo Mushingi preferiu, no entanto, valorizar as declarações de diferentes responsáveis sobre a tolerância política.
"Há uma ideia de poderem trabalhar juntos, de evitar violência e respeitar cada lado", considerou.
O diplomata foi nomeado pelo Presidente norte-americano, Joe Biden, em 19 de abril de 2021 e confirmado pelo Senado dos EUA em 18 de dezembro de 2021.
Antes desta nomeação, Mushingi foi embaixador no Senegal e na Guiné-Bissau, de 2017 a 2022, e no Burkina Faso de 2013 a 2016.
Desempenhou também funções como secretário executivo adjunto na Secretaria Executiva e diretor executivo do Escritório Executivo da Secretaria de Estado de 2011 a 2013 e foi chefe de missão adjunto na Embaixada dos Estados Unidos na Etiópia de 2009 a 2011.
Passou também por outros departamentos em Kuala Lumpur (Malásia), Maputo, (Moçambique), Casablanca (Marrocos) e Dar es Salaam (Tanzânia), trabalhou para o Corpo de Paz dos Estados Unidos em Papua Nova Guiné, República Democrática do Congo, Níger e República Centro-Africana, foi professor visitante no Dartmouth College e lecionou na Howard University.