O chefe da diplomacia portuguesa falava no final da sua primeira visita oficial desde que foi empossado nas novas funções, há duas semanas, tendo escolhido Angola como destino pela “enorme importância que atribui ao país com parceiro de Portugal” no âmbito da política externa.
Quanto à dívida, “este era um grande problema”, reconheceu, em declarações aos jornalistas.
“Naturalmente que é pouco encorajador para as empresas portuguesas quando há uma acumulação de dívida, quando estão perante a possibilidade trabalhar e não receber. Hoje, 89% das dívidas acumuladas no passado já foram regularizadas”, disse.
O montante em causa ronda os 520 milhões de euros, num total de 585 milhões de euros de dívida certificada.
“Ainda falta 11%, mas devemos reconhecer e sublinhar o esforço do Estado angolano, agora falta pouco, vamos terminar este processo de regularização”, complementou.
Quanto às dívidas não certificadas, ou seja, não reconhecidas pelo executivo, “são difíceis de quantificar” e “terão de ser tratadas caso a caso”, acrescentou, dizendo que espera também continuar a contar com o empenho do Estado angolano.
Nos encontros que manteve em Luanda, com o ministro das Relações Exteriores e com o Presidente angolano, afirmou ter sentido “a vontade de reciprocar” no que respeita às relações entre os dois países.
“Temos as bases para sermos ambiciosos”, assinalou, ressalvando que as relações “são muito boas” e “multidimensionais”.
O governante disse que Portugal está preparado para responder aos desafios da diversificação da economia angolana em áreas como o turismo, a energia e a agricultura e garantiu: “queremos ajudar a criar condições para que venham trabalhar para Angola empresas dessas áreas”, embora “as mais tradicionais como a construção civil continuem a ser importantes”.
O ministro, que reservou a última parte da sua visita a Angola para um encontro com cerca de quatro dezenas de membros da comunidade empresarial portuguesa, afirmou que “os empresários nunca estão 100% satisfeitos”, mostrando disponibilidade para ouvir e encontrar respostas para as dificuldades.
“A comunidade empresarial quer sempre fazer mais, identificar coisas que poderiam ser melhores e nós, enquanto decisores políticos, temos obrigação de ouvir e de corresponder quando isso faça sentido em termos de políticas públicas”, sublinhou Gomes Cravinho, realçando que o nível de satisfação é, no entanto, mais elevado do que há três anos.
Em Angola, operam atualmente cerca de 1.250 empresas portuguesas.