FLEC pede ajuda à comunidade internacional para proteção de refugiados de Cabinda

A Frente de Libertação do Estado de Cabinda (FLEC-FAC) apelou hoje à alta-comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, que ajude “na proteção dos refugiados de Cabinda”, após um alegado ataque ao centro de refugiados de Sekezole.

Em comunicado assinado pelo seu porta-voz, Jean Claude Nzita, a FLEC-FAC afirma que, na noite de sexta-feira, às 23:00, “soldados das forças armadas angolanas atacaram o Centro de Refugiados de Sekezole [República Democrática do Congo], matando quatro refugiados cabindeses”.

“Face à tragédia e perseguição dos refugiados cabindeses nos dois Congos, a FLEC-FAC apela à comunidade internacional para que não fique calada” face à “violência e barbárie da repressão de Luanda”, acrescenta-se no comunicado.

A Frente de Libertação do Estado de Cabinda – Forças Armadas de Cabinda (FLEC-FAC) “condena a repressão assassina e os atos de terrorismo de estado do Governo angolano no centro de refugiados cabindeses de Sekezole”, ao mesmo tempo que defende que “a comunidade internacional não pode permanecer inativa face à repressão militar angolana nos centros de refugiados de Cabinda”.

Assim, a FLEC-FAC apela aos Estados-membros da União Europeia para que denunciem “o comportamento desleal do Governo angolano” e condenem “os crimes hediondos que o Estado angolano está a cometer contra os refugiados de Cabinda no seu caminho para o exílio”.

“Exortamos a comunidade internacional a fazer a coisa certa e a proteger os civis inocentes! Os cabindenses devem ouvir a voz da comunidade internacional”, conclui o comunicado.

Já no dia 19 deste mês, o porta-voz da FLEC havia acusado as forças armadas angolanas de terem matado três civis naturais daquele território numa incursão efetuada na vizinha República do Congo.

Contactado então telefonicamente a partir de Lisboa, Nzita disse que a incursão resultou na morte de “três civis indefesos” em Tandou-Mbomba, uma aldeia do distrito de Tchiamba-Nzassi, junto à fronteira com Cabinda.

“Denunciamos vigorosamente o comportamento ilegal e inaceitável do Governo angolano e apelamos à comunidade internacional que condene publicamente a degradação da situação dos direitos humanos em Cabinda”, disse na ocasião à Lusa o porta-voz da FLEC.

A FLEC mantém há vários anos uma luta pela independência do território, de onde provém grande parte do petróleo angolano, alegando que o enclave era um protetorado português, tal como ficou estabelecido no Tratado de Simulambuco, assinado em 1885, e não parte integrante do território angolano.

No entanto, o Governo angolano recusa reconhecer uma situação de instabilidade naquela província, sublinhando sempre a unidade do território.

Segundo o jornal congolês, Angola mantém “um forte contingente de forças de segurança cujo número ronda os 4.000 homens para uma população de apenas 40.000 pessoas, ou seja, um soldado por cada dez civis”.