Falando aos jornalistas três dias após o seu encontro com o Presidente da República como conselheiro, já que faz parte do órgão consultivo que João Lourenço reuniu para anunciar o dia das eleições, Adalberto da Costa Júnior disse que a data “está conforme com a lei”, mas questionou a falta de acesso da imprensa aos integrantes do Conselho da República.
Insistiu ainda na necessidade de ter “um processo eleitoral democrático, credível e que respeita as leis”, voltando a pedir a publicação provisória das listas do registo eleitoral que “infelizmente” ainda não aconteceu, e exigiu melhorias no acesso dos partidos à comunicação social pública.
“É um escândalo a censura, é um escândalo vermos partidos políticos terem comícios transmitidos em direto (que são) negados aos outros partidos”, afirmou o líder da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), principal partido da oposição angolana.
É suposto que as campanhas eleitorais tenham tratamento igual já que “não deve haver vantagens para nenhum dos partidos, tal como determina a Constituição angolana e a lei eleitoral”, prosseguiu.
“Aqui temos um partido que quer ter vantagens, que procura vantagens por se encontrar no Governo e que está a fazer uma abordagem ilegal do processo eleitoral. Não me parece que seja normal pedir elevação e ética e violar as leis, esta ética tem de ser para nós todos”, frisou, desafiando o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA, no poder) a “parar de tirar vantagens” por ser Governo.
O líder do MPLA, João Lourenço, também Presidente de Angola, disse num comício no sábado, em Mbanza Congo (província do Zaire) que os seus opositores estão à procura de descredibilizar e manchar as eleições.
Questionado sobre se se sentia visado pelas palavras de João Lourenço, Adalberto da Costa Júnior devolveu, de forma irónica: “quem é que foi objeto de uma transmissão em direto do seu comício? Foi a UNITA?” A UNITA tem comícios transmitidos em direto pelos órgãos públicos? O Presidente da UNITA já foi convidado para programas? Parece-me que há quem fale, mas não cumpre”.
Sobre a apresentação do programa de Governo disse que virá a seu tempo, sendo as linhas gerais apresentadas publicamente sob a forma de manifesto eleitoral.
“Não existe nenhum partido que tenha trazido a público os seus conteúdos de governação. O nosso programa está terminado, estamos agora no desafio das candidaturas e em uma ou duas semanas vamos começar a fazer este trabalho”, afirmou o dirigente, adiantando que as suas propostas para o futuro serão partilhadas através de um manifesto que “está muito rico”.
Adalberto da Costa Júnior escusou-se também a revelar quando serão divulgadas as listas de candidatos, que serão entregues “dentro dos prazos”.
“Temos o trabalho globalmente feito e vamos cumprir os prazos com rigor, seguramente vamos divulgar a lista, muito antes do meio do prazo”, declarou.
Angola realiza eleições gerais, pela quinta vez desde 1992, em 24 de agosto.