A decisão foi motivada por um deterioramento do estado de saúde de José Eduardo dos Santos e a sua situação é considerada muito grave, soube o Negócios.
Eduardo dos Santos, após uma estada em Angola, regressou no passado dia 7 de março a Barcelona onde há vários anos recebe cuidados médicos.
Há cerca de um mês chegou a correr o rumor de que Eduardo dos Santos tinha falecido. Nessa mesma ocasião foi noticiada uma desavença entre a mulher do ex-Presidente angolano, Ana Paula dos Santos, e as filhas daquele, em particular Tchizé dos Santos e Isabel dos Santos.
Ana Paula dos Santos tinha-se distanciado de Eduardo dos Santos após a saída deste da presidência angolana mas agora voltou a aproximar-se do seu marido, viajando para Barcelona e assumindo o controlo dos assuntos domésticos.
Nessa ocasião, Tchizé dos Santos denunciou "abusos" e "condicionamento da liberdade" em relação ao seu pai, que reside em Barcelona desde 2019, admitindo que a família lida com "um caso de polícia", que pode motivar uma queixa às autoridades espanholas.
"Nós, os filhos de José Eduardo dos Santos (…) os que, de facto, estamos a querer zelar pela segurança do nosso pai, pela integridade física e jurídica do nosso pai, estamos a sentir-nos impotentes e só vamos ter uma alternativa que é chamar as autoridades espanholas a intervir porque isto é um caso de polícia. A outra alternativa é levar ao conhecimento de todos os angolanos o que está a acontecer", disse em declarações então enviadas à agência Lusa.
José Eduardo dos Santos, ou ‘Zedu' como era tratado em Angola, começou a sua experiência governativa a 11 de novembro de 1975, com o primeiro Governo do país, então ministro das Relações Exteriores.
Em mais de 40 anos em funções, em 1979 sucedendo a António Agostinho Neto, primeiro Presidente de Angola, José Eduardo dos Santos apenas governou em período de paz durante menos de uma década e meia e encarou diretamente apenas duas eleições (1992 e 2012), além de umas eleições legislativas (2008).
Nascido a 28 de agosto de 1942 em Luanda, José Eduardo dos Santos viveu até à juventude no bairro do Sambizanga, na capital angolana, mas aos 19 anos deixou o país, quando já integrava grupos clandestinos de oposição ao regime colonial português.
É um dos fundadores da Juventude do MPLA, que chegou a coordenar no exterior, e em 1962 integrou o Exército Popular de Libertação de Angola (EPLA), até que no ano seguinte se tornou no primeiro representante do partido em Brazzaville, capital da República do Congo.
Em setembro de 1975 entra para a elite do partido, sendo eleito membro do Comité Central e do Bureau Político do MPLA, avançando com naturalidade para o Governo de Agostinho Neto, depois da proclamação da independência.
Foi como chefe da diplomacia angolana que conseguiu o primeiro objetivo nacional para a então República Popular de Angola, em guerra. Conseguiu em 1976 o reconhecimento do país, após intensa luta diplomática, como membro de pleno direito da Organização da Unidade Africana (OUA) e da Organização das Nações Unidas (ONU).
Entretanto, exerceu, no Governo, o cargo de primeiro vice-primeiro-ministro, até dezembro de 1978, altura em que foi nomeado ministro do Plano, antecedendo a sua chamada para a Presidência do país, funções em que se manteve durante os 38 anos seguintes.