A notícia da morte do Nacionalista, foi também confirmada pelos Deputados da UNITA, Nelito Ekuikui e Lukamba Gato, nas redes sociais, numa publicação onde lamentam o passamento físico do malogrado. O político Dino Matrosse, e colega do malogrado na Assembleia Nacional, ao reagir à morte de N’zau Puna disse que Angola perde mais um dos seus filhos.
Miguel N’zau Puna nasceu em 1932, na Província de Cabinda. Perseguido pelo colonialismo, exilou-se no Congo-Léopoldville, em 1961, e aderiu à UPA. Passou os anos seguintes a estudar, como bolseiro, na Escola de Agricultura de Moghrane, Tunísia, e na Escola Superior de Cooperação, tendo recebido treino militar na China. Combateu de armas na mão e desde o primeiro momento, pela independência de Angola, nas fileiras da UNITA.
Miguel Maria N’zau Puna esteve presente nos acordos de 1974 entre o MPLA e a UNITA, chefiou a delegação do “Galo Negro” na tomada de posse no Governo de Transição, e participou nos Acordos de Bicesse.
Em 1992 abandonou a UNITA cusando o seu líder de ter participado na eliminação física de dirigentes daquela organização, nomeadamente Wilson dos Santos, Tito Chingunji, assim como a maior parte da sua família e fundou, com Tony da Costa Fernandes e Georges Chicoty, a Tendência de Reflexão Democrática (TRD) que contribuiu grandemente para a descridibilização da UNITA e do seu líder, acabou por aderir ao MPLA passando a pertencer ao Comité Central daquele partido, de quem ainda é deputado pelo Grupo Parlamentar na Assembleia Nacional. Foi também Embaixador de Angola no Canadá.
Em Junho de 2019, durante o lançamento do seu livro, autobiografia intitulada “Mal me Querem” – Miguel N’Zau Puna afirmou que a História do país tem sido deturpada por causa de fins políticos. A história de Angola na voz de quem a fez. Um testemunho sem meias-palavras”.
“Dói muito para quem participou, na primeira pessoa, na luta de libertação, não como um figurino, mas como um combatente destacado da linha da frente, envolvido na tomada de decisões e na condução da luta política e militar, assistir impavidamente a um processo de deturpação da História do país, com mentiras bem montadas e bem calculadas para fins políticos”, afirmou N’Zau Puna, sem entretanto avançar a que “mentiras” se referia.
No fim deste livro autobiográfico, Miguel N´zau Puna afirma que "Não gostaria de passar para a história como um renegado, muito menos como traidor da sua memória. Eu sou Puna! E Puna não é apenas um nome e um apelido. Puna é história. Cabinda precisa dum rumo que possa orgulhar as suas gentes. Em todos os caminhos difíceis que trilhei, em todos os perigos que enfrentei, Cabinda sempre esteve presente como uma estrela a cintilar na minha mente.
Mesmo dentro da UNITA, como quadro dirigente, estava aí como Cabinda e pensava como cabinda. Jonas Savimbi sabia disso e partilhamos a esperança de que aquela luta comum traria também um destino diferente para aquela terra. Talvez tenha falhado na minha visão, mas nunca vacilei nas minhas convicções. Hoje trago comigo esta profunda convicção: é preciso repensar Cabinda! Esta terra não pode ficar eternamente sujeita a um estatuto questionado e rejeitado pelas suas gentes"