O Tribunal Superior de Justiça da Catalunha "não aceita pôr à disposição da família o cadáver do ex-presidente de Angola, senhor Dos Santos", anunciou em nota.
"Apesar de o informe provisório da autópsia destacar como natural a morte do senhor Dos Santos, o juizado (...) acordou provas complementares", diz o comunicado.
Uma de suas filhas, Tchizé dos Santos, havia apresentado uma denúncia na Espanha dias antes de sua morte por "tentativa de homicídio".
Ela acusou o médico pessoal de seu pai e a última esposa dele, Ana Paula, de serem os responsáveis pela deterioração de sua saúde.
As sociedades de advogados que aconselham Tchizé dos Santos, denunciam a “pressão” que Angola está a exercer para que o corpo do ex-Presidente seja entregue e realizar um funeral de Estado, o que vai contra os desejos de José Eduardo dos Santos segundo tem referido a sua filha.
Segundo um documento emitidos pelos advogados, citado pela EFE, o atual governo de Angola declarou “guerra” ao círculo de Dos Santos e à sua família que, desde então, tem sofrido “uma forte pressão política”, que levou a que o ex-presidente tenha decidido exilar-se voluntariamente em Espanha.
Tchizé dos Santos tem afirmado ser desejo do seu pai ter um funeral privado e ser enterrado em Espanha, recusando um funeral de Estado em Angola “que possa favorecer o atual governo”.
Os resultados preliminares da autópsia apontam para uma “morte natural” devido a problemas “de insuficiência cardíaca” e “infeção pulmonar”, segundo uma fonte próxima do processo citada pela AFP.
O Tribunal Superior de Justiça da Catalunha vai identificar “o(s) membro(s) da família” a quem o corpo deve ser entregue
José Eduardo dos Santos morreu em 08 de julho, aos 79 anos, numa clínica em Barcelona, Espanha, após semanas de internamento e o Governo angolano decretou sete dias de luto nacional.
Eduardo dos Santos sucedeu a Agostinho Neto como Presidente de Angola, em 1979, e deixou o cargo em 2017, cumprindo uma das mais longas presidências no mundo, pontuada por acusações de corrupção e nepotismo.
Em 2017, renunciou a recandidatar-se e o atual Presidente, João Lourenço, sucedeu-lhe no cargo, tendo sido eleito também pelo Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), partido no Governo desde que o país se tornou independente de Portugal em 1975. Agence France-Presse