“Sabemos muito bem os problemas de Cafunfo. Quantos candidatos chegaram aqui de carro?”, questionou Adalberto da Costa Júnior, aludindo às dificuldades no acesso aquela localidade, a cerca de 700 quilómetros de Luanda, devido ao mau estado das estradas.
“Dá ideia que as Lundas estão noutro país, não fazem parte de Angola”, prosseguiu o líder da União Nacional para a Independência Total de Angola, criticando que a população não beneficie da riqueza da região.
Adalberto da Costa Júnior pediu um minuto de silêncio pelos “heróis de Cafunfo”, evocando os acontecimentos de 30 de janeiro de 2021, e aproveitou para lançar farpas ao seu adversário, o presidente do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) e recandidato ao cargo, João Lourenço, também Presidente de Angola.
“Quando há mortes em grande quantidade os presidentes vão lá, ele veio aqui?”, perguntou aos seus apoiantes, que devolveram um sonoro “não”.
O dirigente da UNITA destacou os “problemas estruturais básicos” e os “problemas graves de segurança” que se vivem em Cafunfo, localizado na província da Lunda Norte, onde se “mata com facilidade” e “os responsáveis nunca aparecem”.
Em 30 de janeiro de 2021, na vila mineira de Cafunfo, um protesto do Movimento do Protetorado Português da Lunda Tchokwe (MPPLT) terminou em confrontos com a polícia e um número indeterminado de mortos (menos de dez, segundo as autoridades, mais de 20, segundo os partidos da oposição e organizações da sociedade civil)
Segundo a polícia, seis pessoas que integravam um grupo de 400 elementos ligados ao Movimento foram mortas na sequência de um alegado "ato de rebelião" quando tentavam invadir uma esquadra, em Cafunfo, enquanto na perspetiva do MPPLT tratou-se de um "ato bárbaro perpetrado por agentes das forças de defesa e segurança, contra populações indefesas"
“Sabemos que a maior parte dos problemas de segurança estão relacionados com a exploração diamantífera”, criticou o dirigente do partido do Galo Negro, maior força da oposição angolana, e que aposta numa lista com membros de vários quadrantes políticos e da sociedade civil para tentar derrotar o MPLA, que governa Angola desde a independência.
Adalberto da Costa Júnior apontou outros problemas associados à exploração de diamantes naquela região, como a expropriação de terras e a destruição ambiental, concluindo que a “exploração de diamantes não traz riqueza nem benefício ao povo”.
Insistiu também nas linhas de força do seu programa, como a revisão constitucional e as autarquias, para que “não seja mais Luanda a decidir tudo” e não poupou ataques à “intolerância” do governo suportado pelo MPLA que “pensa que Angola é o quintal da sua família”.
Falou ainda sobre os processos que a UNITA interpôs em tribunal apontando "violações do processo eleitoral", voltando a apelar à retirada dos mortos dos cadernos eleitorais, e mobilizou os eleitores para “não deixarem que roubem o voto”.
As oito forças politicas que disputam as eleições gerais marcadas para 24 de agosto têm percorrido o país numa intensa caça ao voto, atravessando as 18 províncias do país.