"Antevemos que a vitória do MPLA nas eleições de agosto mantenha os riscos elevados de protestos; a vitória do MPLA, com 51,2%, é um declínio face aos 61,1% de 2017 e é o pior resultado do partido desde a independência", escrevem os analistas num comentário aos resultados eleitorais.
Na análise, enviada aos investidores e a que a Lusa teve acesso, esta consultora detida pelos mesmos donos da agência de notação financeira Fitch Ratings afirma que "isto reflete a crescente oposição social da população jovem do país, que representou entre 15 a 25% dos mais de 14 milhões de votos, e que tem mostrado descontentamento com o elevado nível de desemprego e os baixos padrões de vida, apesar da riqueza petrolífera do país".
Para a Fitch Solutions, a capacidade de mobilização da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) é elevada, tendo em conta os 2 mil jovens que saíram à rua em setembro, quando o partido saiu à rua para contestar o que diz ter sido uma fraude eleitoral.
"Antevemos que haja mais manifestações contra o Governo nos próximos trimestres, já que a deterioração da situação macroeconómica vai continuar a alimentar o sentimento anti-MPLA", apontam, acrescentando que "apesar da pressão popular para melhorar as condições socioeconómicas da população, o MPLA será lento a implementar as reformas e a promessa de João Lourenço de criação de mais empregos e melhores condições de vida, devido aos elevados custos de financiamento externo".
Ainda que os protestos possam aumentar, a Fitch Solutions não vê perigo de um derrube do Governo à margem da Constituição: "Não antevemos que os protestos coloquem qualquer perigo real à estabilidade do partido que sustenta o Governo, já que o MPLA tem um forte controlo do aparelho de segurança", afirmam, concluindo que no segundo mandato de João Lourenço, a economia deverá acelerar para um crescimento médio de 2,3% entre 2022 e 2027, melhorando face aos -1,5% registados entre 2016 e 2021.