O governo provincial de Luanda não autorizou a marcha do PRA-JA Servir Angola prevista para este sábado (04.02), na capital de Angola, revelou à DW o movimento da oposição angolana.
"Recebemos uma nota dando conta que [a marcha] não pode ser realizada ao abrigo de uma lei que só se ajusta com a lei constitucional de 1991. Ora, a lei constitucional de 1991 foi revogada ao ser publicada a Constituição da República em 2010", explicou à DW Xavier Jaime, co-organizador do evento.
Segundo o coordenador adjunto do PRA-JA Servir Angola, o movimento vai acatar a ordem das autoridades, mesmo sendo "desajustada e ilegal".
"Nunca desafiaremos as autoridades, porque não somos arruaceiros", disse.
O projeto político de Abel Chivukuvuku está apenas autorizado a realizar uma palestra prevista também para este sábado sobre a importância da realização de eleições autárquicas, cujo lema é "Discutir o problema das autarquias com o cidadão comum".
"Naturalmente, vamos aproveitar a oportunidade que a palestra nos oferecer para dizer que os camaradas [do Movimento Popular de Libertação de Angola, MPLA] continuam atrasados, porque a lei constitucional de 1991 já deixou de existir há muito."
Palestra sobre autarquias
Xavier Jaime diz que a palestra servirá também para convocar os cidadãos a ser mais vigilantes.
"Vamos dizer aos nossos militantes o que é que é isso das autarquias, qual é a sua importância, e a partir daí encontraremos certamente outros mecanismos", acrescentou.
Em 28 de janeiro, a polícia angolana reprimiu com recurso a gás lacrimogéneo a manifestação dos militantes e simpatizantes do PRA-JA. 17 manifestantes ficaram feridos.
A marcha visava o lançamento do ano político da organização. O coordenador geral do PRA-JA, Abel Chivukuvuku, e os seus apoiantes tentavam iniciar uma marcha, que terminaria com uma palestra do líder sobre as autarquias, quando surgiu a polícia para impedir o ato.
A organização denunciou ainda que granadas de gás lacrimogéneo foram lançadas em direção a Chivukuvuku, "que escapou por um triz à ação violenta, repressiva e criminosa dos agentes da Polícia Nacional."
DW Africa