Nelito Ekuikui, secretário provincial cessante da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) em Luanda e que fez história ao derrotar o MPLA (partido no poder em Angola desde a independência, em 1975), na capital, Luanda, nas eleições de 2022, disse que a sua candidatura representa um “avanço, e não regressão” a nível das estruturas do partido.
“A nossa candidatura representa a leitura do contexto político angolano e daquilo que a juventude representa também para a construção de um novo paradigma para Angola”, disse o pré-candidato à liderança da Juventude Unida Revolucionária de Angola (JURA).
O braço juvenil da UNITA, maior partido na oposição, realiza de 15 a 17 de março próximo o seu V Congresso Ordinário, para renovação de mandatos e seis militantes manifestam já a intenção de liderar a organização atualmente encabeçada por Agostinho Kamuango, que não se vai recandidatar.
Ekuikui, de 31 anos, foi o primeiro a formalizar a candidatura junto da comissão de mandatos, em cerimónia que decorreu no complexo Sovsmo, município angolano de Viana, em Luanda, e manifestou-se “confiante” na vitória.
“Há quem pense que [a minha candidatura] é uma regressão, mas para mim não é, para mim representa avanço, sobretudo pela coragem que a nossa equipa manifestou de apresentar-se aos militantes do partido para ela ser avaliada e aceite”, respondeu à Lusa.
“Portanto, estou confiante na vitória, mas é sempre um risco e um ato eletivo tem sempre mais legitimidade, nós estamos à procura da legitimidade dos militantes do partido a nível das estruturas da JURA para continuarmos o nosso trabalho”, justificou.
Para o pré-candidato à liderança da JURA, a ação hoje concretizada representa “passos de ascensão de um quadro”.
O deputado da UNITA negou ter sido alvo de pressões internas e externas ao partido, por ter “maturidade suficiente” para avaliar os factos e fenómenos do país, considerando que a sua decisão resulta de “consensos” com vários secretários provinciais da JURA, que integram a sua campanha.
“Eu não sou uma pessoa que se deixe pressionar, sou uma pessoa que avalia os factos e os fenómenos e coloca-se à disposição do partido, estou a me colocar a um novo desafio no partido sem pressão nenhuma”, frisou.
Este período “representou também auscultar o comité nacional da JURA”, onde tem “vários membros a dirigirem a estrutura da campanha” da sua candidatura, salientou.
Questionado se a sua candidatura é sintomática de algum receio da reorganização do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), em Luanda, o político da UNITA recusou, garantindo que deixa o cargo de secretário de Luanda com o espírito de dever cumprido.
“Acho que o meu papel em Luanda foi feito, com a equipa toda com a qual trabalhei, e sempre dissemos que iríamos derrotar o MPLA em Luanda e fizemos e agora estamos a dizer que vamos andar com essa juventude para despertar consciências”, assegurou.
“Vamos trabalhar para não permitir que mais uma vez o MPLA continue a enganar o nosso povo, é preciso ir às aldeias, comunas e municípios para despertar consciências que vão libertar Angola”, notou.
Minimizou ainda as ações da JMPLA, organização juvenil do partido no poder, e garantiu transformar a JURA na “maior organização juvenil do país”, porque a sua candidatura “representa também o espalhar do amor”.
Afirmação, pureza ideológica e formação de liderança constituem os eixos da candidatura de Nelito Ekuikui, que conta com a assinatura de 15 membros do comité permanente da UNITA, entre os quais o histórico militante e general da reforma Abílio Kamalata Numa, presente no ato.
Domingos Epalanga, Sebastião Salakiaku, Roberto Gamba, Hilário Marques e João Lukombo são os restantes pré-candidatos ao cargo de secretário-geral da JURA e que devem formalizar as respetivas candidaturas até domingo.