“Para mim não existem duas alas, já não existe, isso era apenas no início do conflito, o que existe agora é a IURD que está a atravessar uma fase da reconciliação”, afirmou Alberto Segunda, bispo angolano e líder da conhecida ala brasileira da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) em Angola.
Segundo o religioso, a sua direção tem trabalhado com o “foco na reconciliação entre todos os fiéis”, no sentido de unir a igreja.
“E prova disso é que todos os domingos em nossos núcleos e casas de orações temos recebido vários obreiros e membros que outrora estavam afastados da igreja por causa desse conflito”, salientou, em declarações à Lusa.
“Poderá sempre existir aqueles que quererão seguir o seu caminho, o que é normal, mas nós como igreja matriz estamos abertos para receber todos os irmãos que desejam voltar para que possamos caminhar juntos na mesma fé”, frisou.
O Comando Provincial de Luanda da Polícia Nacional anunciou, em abril de 2022, que os acessos aos tempos da IURD continuavam interditos até o tribunal notificar as autoridades policiais para o seu levantamento, na sequência de um anúncio da IURD sobre a restituição dos imóveis.
Um acórdão do Tribunal da Comarca de Luanda, datado de 31 de março de 2022, absolveu os pastores da IURD dos crimes de que vinham sendo acusados e determinou o “levantamento das apreensões e a restituição imediata” dos templos, encerrados há mais de dois anos, como disse bispo Alberto Segunda, uma semana antes da intervenção policial.
Hoje, o bispo referiu que os mais de 100 templos da IURD espalhados pelas 18 províncias angolanas continuam fechados, admitindo, no entanto, a sua reabertura para breve, após a execução da sentença.
“O que nós nesse momento estamos à espera é a execução da sentença e como não é algo que depende de nós, mas de quem de direito, estamos simplesmente à espera e acreditamos que vai se cumprir porque a decisão dos tribunais é de cumprimento obrigatório”, realçou.
“Acreditamos na justiça e o que eu entendo é que está para breve, agora quando vai ser eu não posso afirmar se será daqui a uma semana ou um mês, estamos com os nossos advogados a tentar ver uma forma de se ultrapassar isso uma vez por todas”, acrescentou.
A direção da IURD reconhecida pelo Instituto Nacional dos Assuntos Religiosos (INAR) angolano é encabeçada pelo bispo Valente Bizerra Luís, que coordenava a comissão de reforma que entrou em conflito com a liderança brasileira da IURD em 2019.
Ambas as alas – a de origem brasileira, liderada agora pelo angolano Alberto Segunda, e a ala dissidente, angolana, dirigida por Bizerra Luís – reclamam ser as legítimas representantes da igreja fundada por Edir Macedo.
A Lusa contactou o diretor-geral adjunto do INAR e este disse não estar autorizado para falar sobre o assunto. Contactou também o bispo Valente Bizerra Luís, que remeteu declarações sobre o assunto para mais tarde.