Em conferência de imprensa, em Luanda, o presidente do grupo parlamentar, Liberty Chiaka associou a polémica em torno dos subsídios – com o maior partido da oposição a ser alvo de críticas por ter votado favoravelmente esta proposta - a uma “manobra de distração” e salientou que não é o país que está em crise, mas sim a governação.
O grupo parlamentar da UNITA votou a favor da atualização dos subsídios de instalação e de fim de mandato dos eleitos à Assembleia Nacional, mas, segundo Liberty Chiaka, os deputados receberam orientações do líder do partido, Adalberto da Costa Júnior, para “partilhar em 50% o subsídio de instalação com a sociedade e outra parte no quadro das responsabilidades individuais”.
“Não há espaço para diversão que busca desviar o cerne do debate público das causas da crise económica e financeira”, prosseguiu.
O dirigente político criticou ainda as políticas “desastrosas” do Governo, acusando o titular do poder executivo de ter perdido a luta contra a inflação, enquanto “oportunistas arquitetam novos esquemas para continuarem a roubar”.
“Foram constituídos cartéis de importação dos derivados do petróleo que bloqueiam a diversificação da economia” e multiplicam-se os atentados contra o Estado de direito, enquanto as “pessoas estão com fome, desempregadas e desesperadas”, disse.
“Ao invés de mudar de rumo, a partir de um gabinete de ação psicológica ou estudos estratégicos, ensaiam-se estratégias de diversão dos cidadãos da questão essencial”, acusou o deputado, segundo o qual a crise “resulta da má governação, da corrupção, da impunidade, da captura do Estado, do autoritarismo e do roubo aberto ou mascarado”.
Liberty Chiaka lamentou que só o grupo parlamentar da UNITA se tenha solidarizado com as famílias dos jovens que foram assassinados durante as manifestações.
Para Chiaka, a publicação tardia da resolução que atualiza dois elementos do estatuto remuneratório dos deputados é uma “estratégia de distração”, realçando que o estatuto remuneratório existe desde 2008, tendo sido atualizados agora os subsídios de instalação, atribuído no início do mandato, para cerca de 25 mil euros, e de fim de mandato (para cerca de 28 mil euros, praticamente o dobro).
Para a UNITA, com a atualização dos subsídios de instalação e fim do mandato, “abre-se uma oportunidade para continuarmos a pressionar o executivo de modo a atender às reclamações das diferentes classes socioprofissionais que clamam por melhores salários e condições de trabalho”.
A UNITA sustenta que a crise económica e social em Angola não se deve à falta de dinheiro, mas sim à “falta de visão estratégica e comprometimento com a dignidade”, bem como aumento da corrupção e da impunidade.