Para o presidente da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST), José Manuel Imbamba, estando-se na véspera de Angola e São Tomé e Príncipe comemorarem 50 anos de independência "é tempo de parar para um profundo exame de consciência nacional".
O responsável defendeu que é preciso analisar como "superar os problemas cíclicos e injustificáveis" que se vivem e que mantêm a sociedade "permanentemente no aquém da cidadania responsável, participativa e inclusiva do desenvolvimento integral e do Estado republicano autêntico".
De acordo com o arcebispo católico, Angola, especificamente, "precisa de despertar do sono anestesiante dos partidarismos, das militâncias fanáticas, da cultura da bajulação, da intriga, da arrogância, da desinteligência e da violência verbal".
Angola precisa igualmente de despertar e se livrar da "violência física, psicológica e espiritual, da insensibilidade e do descompromisso com o bem de todos os cidadãos".
"Há que ter coragem de demolir as bases ideológicas, culturais e axiológicas que não geram nem propagam a dignidade da pessoa humana, o convívio plural, a amizade social, a meritocracia e o consequente progresso humano, social, económico e cultural", notou.
José Manuel Imbamba, que falava hoje na abertura da II Assembleia Plenária Anual da CEAST, que decorre até segunda-feira, em Luanda, afirmou que há que ter coragem igualmente de se fazer flutuar mais a bandeira da pátria do que a dos partidos políticos.
"Que só visam o poder pelo poder", observou, acrescentando igualmente que "há que se ter coragem de não afunilar, reduzir e condicionar a vida dos cidadãos nos partidos políticos".
Partidos políticos em Angola foram mesmo convidados pelo presidente da CEAST a "redescobrirem a mística, a beleza e a ética da política, fazendo dela uma missão nobre, um serviço abnegado a favor do bem dos cidadãos, independentemente das suas cores partidárias".
O também arcebispo de Saurimo, província angolana da Lunda Sul, defendeu ainda que o convívio social exige que cada um se sinta "sujeito ativo na construção e transformação do edifício social, político, económico e cultural".
Por isso, prosseguiu, a sociedade, em vez de massificar, "diluindo o eu", deve personalizar, enaltecendo a dignidade pessoal, ou seja, "realizando o eu no nós, em vez de excluir e discriminar, deve incluir, envolver e acolher".
"Em vez de dar vida à intolerância, ao orgulho e à prepotência, deve favorecer o diálogo fecundo, a humildade enriquecedora e compreensiva, em vez de promover o medo, a desesperança, o descrédito e o descompromisso, deve promover a segurança, a confiança, a esperança e o sentido de pertença", exortou.
O terceiro ano do Triénio sobre a Criança (2023-2024), relatório das comissões episcopais, reconhecimento jurídico dos entes eclesiásticos e a revisão dos estatutos da CEAST são alguns dos temas em abordagem nesta plenária dos bispos católicos angolanos.