O termo de financiamento do projeto foi hoje assinado, em Luanda, entre o Afreximbank e a Amufert, empresa do grupo empresarial Opaia, proprietária do futuro empreendimento localizado no Soyo (província do Zaire) que visa promover a autossuficiência de Angola em fertilizantes.
Na sua intervenção, o presidente do Afreximbank, Benedict Oramah, destacou o impacto macroeconómico e social deste projeto, que vai produzir amónia e fertilizantes para o país, que atualmente importa a quase totalidade destes insumos usados na agricultura.
Benedict Oramah sublinhou que o apoio a este tipo de projetos garante a segurança alimentar, mas é também uma questão de “soberania alimentar”, promovendo produção própria e diminuindo a dependência “de outros [países], que rapidamente proíbem a exportação de alimentos”.
“Hoje, Angola importa mais de 1,4 mil milhões de dólares [1,2 mil milhões de euros] de fertilizantes por ano”, disse o responsável, acrescentando que projetos como estes devem ser apoiados em todo o continente africano, onde existe matéria-prima.
Segundo o presidente da Afreximbank, esta instituição financeira tem prevista uma linha de financiamento de 2,2 mil milhões de dólares (dois mil milhões de euros) para ajudar Angola, frisando que são os maiores financiadores do projeto da refinaria de Cabinda, estando também em conversações com a Sonangol, petrolífera estatal angolana, para desenvolver a refinaria do Lobito.
Sobre o financiamento do consórcio da fábrica de fertilizantes, Amufert e Sonangol, o ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, Diamantino Azevedo, destacou a importância da criação de condições pela petrolífera estatal para o fornecimento de gás a este projeto.
Este projeto tem todas as condições criadas “que existem em poucas partes do mundo” para o seu arranque, disse o ministro, realçando que a Sonangol (via Sonagás), com uma participação de 10% no projeto, disponibilizou o gás necessário para este projeto.
“Para entusiasmar, dar confiança a este projeto, motivamos a Sonangol e o grupo Opaia a unirem-se na Amufert. Foi aprovado o contrato do fornecimento de gás a um preço próprio para este projeto. O Governo deu uma pequena garantia para que este projeto pudesse também ter estas condições”, disse.
O governante angolano salientou que foi entregue também hoje a concessão para a exploração de fosfato na província do Zaire, destacando ainda a assinatura de um memorando entre o grupo Opaia e a empresa privada K-Mineração, com uma concessão de potássio na província de Cabinda, para a produção de fertilizantes compostos.
Em declarações à imprensa, o presidente do conselho de administração da Amufert, Agostinho Kapaia, referiu que decorre a construção da fábrica, estando previsto o arranque da produção no início de 2027.
Agostinho Kapaia agradeceu o apoio do Afreximbank, porque “nem todos os bancos do ocidente arriscam pôr dinheiro em países emergentes”, e reconheceu as dificuldades em arranjar financiamento.
“Aliás, nós tivemos muitas dificuldades de encontrar financiamento, porque os bancos dos outros países defendem os seus empresários, os seus interesses, e [houve] bancos que nos obrigavam, no fundo, a ceder o maior capital às empresas dos seus países. Há bancos da Europa que só podiam financiar o projeto se o acionista fosse um europeu, se as empresas que vão implementar o projeto defendessem os interesses dos seus países”, indicou o empresário angolano, destacando que o mesmo sucedeu na Ásia.
De acordo com Agostinho Kapaia, o projeto está orçado em cerca de dois mil milhões dólares (1,8 mil milhões de euros), frisando que a fábrica tem uma capacidade de produção anual de 1,3 milhões de toneladas, por isso “Angola já não vai necessitar de importar fertilizantes”.
O empresário sublinhou que o Governo angolano entrou com uma garantia de 20% do financiamento total, para acautelar as quantidades de produção necessárias para atender o mercado interno, cerca de 300 mil toneladas.