"O grupo parlamentar da União Nacional para a Independência Total de Angola [UNITA] rejeita todas as tentativas de manipulação e intimidação da opinião pública, criando cenários de caos e incitamento ao ódio e à instabilidade", afirmou hoje o líder parlamentar do maior partido da oposição em Angola, Liberty Chiyaka.
a UNITA rejeita que se procure "desviar as atenções da sociedade sobre as causas reais do problema, imputando culpas a terceiros".
O presidente do grupo parlamentar da UNITA condenou os atos de vandalismos protagonizados na segunda-feira, e que resultaram na destruição de um comité distrital do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA, no poder) e de um autocarro público.
Para Liberty Chiyaka, os distúrbios registado na capital angolana devem ser "estudados e analisados com responsabilidade pelas lideranças" do país, e não concorrer para o "incitamento do ódio e violência que criam apenas divisões".
Os angolanos, defendeu o político da UNITA, "precisam de ter uma liderança que identifique com serenidade quais as causas dos problemas, quais as causas das manifestações, o porquê do desespero do povo".
"Porque é que uma manifestação que deveria ser pacífica acaba com uma manifestação violenta?", questionou.
Vários figuras ligadas à política e à sociedade civil angolana repudiaram os atos de vandalismo e algumas, sobretudo ligadas ao MPLA, em Luanda, alegaram que militantes da UNITA estariam por detrás dos distúrbios.
O Presidente angolano, João Lourenço, considerou, na quarta-feira, que o vandalismo registado na segunda-feira em Luanda, durante a paralisação dos taxistas, foi um "ato de terror" que visava tornar o país ingovernável e "subverter o poder democraticamente instituído".
"O que aconteceu na segunda-feira foi um verdadeiro ato de terror, cujas impressões digitais deixadas na senda do crime são bem visíveis e facilmente reconhecíveis e apontam para a materialização de um macabro plano de ingovernabilidade através do fomento da vandalização de bens públicos e privados, incitação à desobediência e à rebelião, na tentativa da subversão do poder democraticamente instituído", acusou João Lourenço, que falava hoje na abertura da 12ª reunião do Conselho de Ministros.
Hoje, Liberty Chiyaka, que falava em conferência de imprensa, em Luanda, referiu que "ficou provado por declarações irresponsáveis de determinados dirigentes do MPLA que o ato foi promovido pelo próprio MPLA".
O MPLA "tem dito que o MPLA é o povo e o povo é o MPLA, se o MPLA é o povo e o povo é o MPLA e o povo invadiu o comité do MPLA, então temos todos que assumir que foi o MPLA que invadiu o comité do MPLA, só estamos a interpretar a mentalidade monolítica do MPLA", acusou o político da UNITA.
"Como é possível a imprensa pública ir buscar imagens de manifestação da UNITA do ano passado e colar à manifestação de segunda-feira? Isto é incitar o ódio, a violência, quem controla os órgãos do Estado, quem abusa, quem sequestrou é o partido que está no poder, a quem beneficia criar um clima de instabilidade agora?", questionou.
Os angolanos "têm que ter coragem", defendeu, mas deixou um aviso: "Atenção, o caminho não é este, já tivemos 27 anos de divisões de ódios, destruições, já aprendemos muito com as lições do passado e não devíamos repetir os mesmos erros".
"Infelizmente, o problema está sempre nas lideranças. Não acusemos. No momento de crise devemos dialogar, sentar, identificar as causas, não atiremos culpas", exortou o líder parlamentar da UNITA.
No entender de Liberty Chiyaka, os "textos significativos" que circulam nas redes sociais, considerando como militantes da UNITA quem adere à greve ou reivindicações, são sintomáticos de que "chegará a uma altura em ninguém sequer poderá sentir fome".
"Ninguém poderá sequer ficar doente, quem sentir fome é da UNITA, quem ficar doente é da UNITA, está contra o Estado. Este país não tem futuro assim, as lideranças têm que refletir, alguma coisa não está bem, como é possível que as pessoas não podem sentir fome? Você que reclama é da UNITA, está contra o Estado", atirou.
"Você que reclama por melhores condições está a promover um clima de ingovernabilidade, meu Deus! Como assim? Queremos deixar bem claro que estamos contra a violência, que defendemos o que diz a Constituição, mas rejeitamos qualquer tentativa de manipulação da opinião pública", concluiu Liberty Chiyaka.