O líder da oposição, que não falou apenas em nome da UNITA, mas também como “timoneiro” da Frente Patriótica Unida (FPU), garantiu o seu partido e os seus parceiros políticos — Bloco Democrático e o projecto PRA-JÁ – Servir Angola — têm “uma proposta de uma nova Angola”, proposta esta “baseada no direito, no respeito, na democracia, na pluralidade, e na coragem que têm para a realizar”.
“Não vamos pretender governar em função do nosso partido. Nós vamos governar com os angolanos, com os quadros angolanos e para os quadros angolanos. Não vamos governar com os membros da UNITA, para os membros da UNITA”, assegurou Adalberto Costa Júnior, animado com aquilo que são os dados oriundos de sondagens que são favoráveis ao projecto de governação que lidera.
Adalberto Costa Júnior elegeu como a maior falha do Presidente João Lourenço aquilo a que chamou de “atentado ao Estado de direito e democrático”, tendo reclamado das instituições de justiça, que, segundo defendeu, estão “tomadas pelo partido-Estado”. “Tudo que é comunicação social está tomada pelo partido-Estado, as instituições que servem o Estado, servem fundamentalmente o partido MPLA, os Serviços de Inteligência postos a combater a oposição”, argumentou.
O líder político questionou-se ainda durante a entrevista do tratamento que a imprensa pública tem dado à sua pessoa. “Está perante o líder da oposição que vai a caminho do seu terceiro ano de mandato, [mas que] nunca foi entrevistado por nenhuma televisão pública, por um nenhum órgão público de comunicação social em Angola”, afirmou, indo mais longe:
“Portanto, a censura em Angola é absoluta. Vivemos hoje um país que desrespeita completamente o direito de informar e de ser informado. Não há o debate livre, o contraditório. Não temos nenhum tipo de acesso à comunicação social pública, e estamos num ano eleitoral”, lamentou.
O político explicou a razão de estar em Portugal e na Europa com o objectivo de “atrair a atenção da comunidade internacional para a necessidade que a Angola tem de ter um processo eleitoral em absoluta transparência, [com a] presença de observadores internacionais”.
“Observadores estes que, nos últimos anos eleitorais, o MPLA e o seu governo nunca convidam. Apenas são permitidas as presenças dos africanos, mas a União Europeia, as instituições americanas, os deputados portugueses, todos sempre recusados”, contextualizou.
Questionado sobre a crítica feita por João Lourenço em relação à Frente Patriótica Unida, de que é também líder, Adalberto Costa Júnior começou por explicar que foi obrigado, por duas vezes, a formular a aliança com os seus parceiros, uma vez que o Tribunal Constitucional anulou o congresso que o tinha eleito em 2019, mas, esclareceu igualmente a razão da formulação desta aliança política, que, referiu, visa garantir uma transição segura.
“A UNITA lidera esta frente e ela resulta do facto de nós termos uma leitura bastante actual dos desafios que o país tem. Nós temos hoje um país que vive há 46 anos com um partido único a governá-lo. E quando surge uma proposta credível para a alternância, ela pode criar também alguns medos, por consequência do longo período, dos vícios de governação, de muitos interesses, e a nós interessava, de facto, formatar uma proposta que permita um diálogo de uma transição com o máximo estabilidade possível”, frisou.
O líder da lembrou ainda que, apesar do acordo que tem formulado com o PRA-JA-Servir Angola, com o Bloco Democrático e muitos cidadãos, a ampla frente para a alternância não está fechada em si, que ainda está a aberta a novos actores. Aliás, Adalberto Costa Júnior justifica a reacção de João Lourenço ao facto de estarem “muito bem posicionados”.
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