A greve, “por tempo indeterminado”, dos professores universitários angolanos, convocada pelo Sindicato dos Professores do Ensino Superior (Sinpes), teve início em 03 de janeiro de 2022 e entra hoje para mais uma semana.
Numa nota enviada hoje à Lusa, o MEA, que promoveu no sábado passado, em Luanda, uma manifestação pelo retorno às aulas no subsistema do ensino superior público, refere que a segunda marcha está prevista para 19 de fevereiro próximo, também em Luanda.
Exigir o fim da greve dos professores universitários e o reinício das aulas nas universidades públicas constam entre os propósitos da manifestação “pacífica, académica e ordeira”, que deve decorrer do largo do cemitério Santa Ana até ao largo 1.º de Maio, na capital angolana.
Segundo o MEA, a paralisação das aulas “está a prejudicar os estudantes com planos concretos”, sobretudo numa fase que os estudantes “já estariam em provas de exame do primeiro trimestre”.
“Se de um lado o Governo não consegue resolver as reivindicações dos professores, do outro lado, nós, enquanto estudantes, não podemos aceitar ver o nosso futuro estagnado”, lê-se na nota.
Os estudantes lamentam também o “silêncio sepulcral” das autoridades, o que demonstra, referem, “falta de vontade por parte de quem diz estar a governar para melhor”.
“Vamos novamente às ruas até que a greve caia por terra”, asseguram, realçando que a manifestação de 19 de fevereiro “é aberta” a todos que se solidarizam com os estudantes universitários das instituições públicas.
A primeira manifestação do MEA, convocada para o mesmo fim, decorreu no sábado passado, na capital angolana, e reuniu mais de 100 estudantes que marcharam pelo retomar às aulas e reprovaram os salários “míseros” dos docentes, pedindo a intervenção do Presidente angolano, João Lourenço.
A marcha contou com o seguimento de efetivos da polícia nacional, que acompanharam o percurso dos estudantes que pediam igualmente a exoneração da ministra do Ensino Superior.
O Ministério do Ensino Superior angolano considera que o aumento salarial dos docentes, em greve há mais de um mês, é um “processo delicado e complexo”, mas garante que já decorrem ações a nível do Governo nesse domínio.
O Ministério do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação (MESCTI) angolano diz, em comunicado de imprensa, a que a Lusa teve hoje acesso, que “decorrem ações a nível do executivo, em sede de uma abordagem mais geral da matéria salarial da administração pública”.
Para o ministério, o aumento salarial dos professores universitários “é um processo delicado e complexo que exige considerar um conjunto de variáveis que garantam a sustentabilidade de qualquer contraproposta apresentada pelo executivo”.
Aumento salarial, melhores condições laborais, pagamento da dívida pública e eleições dos corpos diretivos das instituições públicas do ensino superior são algumas das reivindicações dos docentes angolanos em greve por tempo indeterminado.