Estudantes angolanos queixam-se de “ameaças anónimas” e prometem manifestação no sábado

Estudantes angolanos denunciaram hoje que estão a receber ameaças anónimas, como forma de os inibir de realizarem a manifestação pelo regresso às aulas nas universidades públicas, agendada para sábado, em Luanda, mas prometem não desistir do protesto.

“São ameaças anónimas que estamos a receber pelos telefones, há mensagens que dizem que estamos a ser financiados para realizar confusões, outras para sairmos em manifestações, mas mesmo assim a nossa marcha vai sair”, disse hoje à Lusa o presidente do Movimento dos Estudantes Angolanos (MEA), Francisco Teixeira.

Luanda e Huambo são as províncias que devem aderir à marcha convocada pelo MEA.

O líder do movimento, organização que agendou a manifestação para este sábado, em Luanda, após terem sido impedidos de realizar, há uma semana um protesto do género, diz que o Governo Provincial de Luanda (GPL) já foi informado sobre a pretensão.

A manifestação prevista para este sábado deve ser a segunda de um calendário de cinco manifestações agendadas pelo MEA, em favor do regresso às aulas nas universidades públicas, onde os professores cumprem uma greve por tempo indeterminado desde 27 de fevereiro passado.

Os protestos dos estudantes pelo regresso às aulas devem prolongar-se até à primeira quinzena de maio próximo.

O Sindicato Nacional dos Professores do Ensino Superior (Sinpes) angolano retomou em 27 de fevereiro passado a greve, por tempo indeterminado, em protesto contra os “salários miseráveis” e a inversão de prioridades do executivo.

“Quando se pode comprar 45 viaturas num valor total de 9 milhões de euros, isto é um paradoxo. Num país que pretende ser competitivo e sabendo que o conhecimento é uma alavanca para o crescimento, não há vontade política para aumentar salários”, afirmou à Lusa o secretário-geral do Sinpes, Eduardo Peres Alberto, na ocasião.

O sindicalista queixou-se, na última semana, de a sua residência ter sido vandalizada por estranhos, após este e a sua filha terem recebido ameaças anónimas, por telefone, para que “terminasse já com a greve”, que dura há quase dois meses.

Os professores reivindicam atualização dos salários, melhores condições laborais, seguro de saúde e outras, constantes de um memorando de entendimento de 17 de novembro de 2021.

De acordo com um ofício do MEA, remetido ao GPL em 17 de abril de 2023 e a que a Lusa teve hoje acesso, a marcha de sábado deve ter início no Largo das Heroínas e percorrer o percurso até ao Largo 1.º de Maio.