Embora o país não seja um produtor relevante para os catálogos dos canais Globo na TV paga e na aberta, conteúdos como filmes, séries e animações de origem russa saíram do radar de negociações da empresa brasileira.
O mesmo vale para a mão contrária, onde o comércio é mais intenso. Novelas e séries da emissora deixarão de ser oferecidas à Rússia por tempo indeterminado, conforme informações da comunicação da Globo a esta repórter. Não há prazo para a retomada das operações de compra e venda de conteúdo com parceiros comerciais russos.
No momento, estão em exibição na TV aberta russa as novelas "Por Amor", de 1997, de Manoel Carlos, e "O Clone", de 2001, de Glória Perez. Pelas plataformas de streaming locais, a Globo está presente com "O Clone", "Avenida Brasil", de 2012, de João Emanuel Carneiro, "Justiça", de 2016, série de Manuela Dias, "Ilha de Ferro", de 2018, de Max Mallmann e Adriana Lunardi, e "Verdades Secretas", de 2015, de Walcyr Carrasco.
A Rússia é um grande mercado para as novelas da Globo desde que "A Escrava Isaura", de 1976, de Gilberto Braga —baseada no romance de Bernardo Guimarães—, abriu portas para a emissora no mundo todo. Isso foi ainda nos idos da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. Lucélia Santos é uma das brasileiras mais conhecidas na Rússia e na Ucrânia em razão da novela.
A União Soviética se desfez em 1991, mas o hábito de ver novelas brasileiras nas ex-repúblicas soviéticas se manteve. Ainda nos anos 1990, o sucesso de "Tropicaliente", de 1994, de Walther Negrão, lá batizada "Tropikanka", motivou até o turismo de russos na costa cearense, onde a produção foi gravada.
Feita um ano antes, mas exportada depois, "Mulheres de Areia", de Ivani Ribeiro, também de cenário litorâneo brasileiro, acabou chamada lá de "Tropikanka 2", para pegar carona no sucesso da outra produção, embora um enredo nada tenha a ver com outro. Folha SP