"Vamos continuar com uma política monetária restritiva porque apesar de haver registo de um recuo da inflação, ela continua com níveis elevados, a taxa homóloga está acima dos 20%, e há um trabalho que tem de continuar, mas temos de avançar com prudência", disse o governador, quando questionado pelos jornalistas sobre a possibilidade de descer a taxa de referência.
"Temos grande vontade de tornar as condições mais relaxadas, mas temos de fazer este caminho com realismo, a nossa missão primeira é a estabilidade de preços", salientou, em declarações aos jornalistas à margem do seminário 'Novo Ciclo da Economia Angola', na Universidade Nova, em Carcavelos, organizado pela Câmara de Comércio e Indústria Portugal Angola.
O governador do banco central angolano lembrou as medidas que foram tomadas recentemente, "nomeadamente o coeficiente de reservas obrigatórias, que já vai no sentido do alívio, mas a taxa de juro nominal é negativa, ou seja, é mais baixa que a inflação, e será nesta altura prematuro uma abordagem genérica de queda da taxa".
Ainda assim, Lima Massano lembrou que o banco já tomou medidas para fomentar a recuperação económica e o financiamento da banca comercial: "Em relação ao setor real da economia, o banco tomou um conjunto de iniciativas para, neste quadro de estabilidade de preços e necessidade de termos uma política monetária contracionista, não deixar de apoiar o setor real, e os bancos comerciais receberam um conjunto de incentivos para, com taxas mais baixas, poderem apoiar o setor real, com realce para a produção de bens alimentares, aí temos uma taxa de 7,5% que é bastante competitiva", concluiu.
Na intervenção inicial, Lima Massano já tinha dito que o principal objetivo da política monetária da instituição é garantir que a inflação desça para um dígito até 2024.
"Estamos a migrar para um regime de metas de inflação, temos assistido a uma queda da inflação em Angola, e os dados de abril sobre a evolução dos preços em Luanda mostram o valor mais baixo desde julho de 2015", afirmou.
"O objetivo é um dígito de inflação, esta semana o Instituto Nacional de Estatística divulga os valores de maio, e a perspetiva é uma queda ainda mais acentuada do que em abril, e prevemos que a inflação termine o ano nos 18%, e temos o objetivo de que seja um crescimento a um dígito em 2024", acrescentou o governador do banco central angolano.
A moeda nacional angolana, o kwanza, tem registado uma apreciação nos últimos meses, valendo agora 430 kwanzas por dólar, no seguimento dos elevados preços dos combustíveis, o que ajuda a aliviar a subida da inflação no país, que é muito dependente das importações.
José de Lima Massano disse que o kwanza valorizou 30% face ao dólar desde o início do ano, e vincou que já no ano passado a moeda se tinha apreciado 18% face ao dólar, recuperando das fortes quedas que tinha registado desde 2017.