"Angola deverá ter um impacto menos severo, quando comparado com os seus parceiros africanos devido ao aumento das receitas com o petróleo; uma produção mais estável e o elevado preço do petróleo resultaram num fluxo de petrodólares durante o último ano, que fortaleceu a taxa de câmbio do kwanza e melhorou a opinião sobre o crédito soberano do país", escrevem os analistas da Oxford Economics.
No comentário ao impacto da guerra na Ucrânia nos países exportadores de petróleo, enviado aos clientes e a que a Lusa teve acesso, os economistas salientam que, para além destes fatores, "as melhorias no 'rating' atribuído pela Fitch e da Standard & Poor's (S&P), bem como a emissão de 1,75 mil milhões de dólares [1,67 mil milhões de euros] em abril, cuja procura foi o dobro da oferta, é um testemunho da melhoria da confiança dos investidores na evolução da dívida angolana".
Ainda assim, salientam, "a produção de Angola continua abaixo da quota permitida pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo, o que significa que a posição externa do país podia beneficiar mais se Angola conseguir, de forma sustentada, aumentar a produção e exportação petrolífera".
Em maio, Angola superou a Nigéria como o maior produtor de petróleo na África subsaariana, mas essencialmente à custa da redução da produção da Nigéria, já que a produção angolana continuou mais ou menos estável, à volta de 1,1 milhões de barris por dia, em média.
Tal como acontece com outros países exportadores de petróleo, o elevado preço dos combustíveis é positivo para as contas públicas; no caso de Angola, o preço atual à volta de 120 dólares é mais do dobro dos 59 dólares por barril previsto no orçamento para este ano, e acima da previsão da Oxford Economics de 105 dólares por barril para o conjunto deste ano.
"Os países africanos exportadores de petróleo deverão registar melhoras vincadas nas contas externas, depois de terem sofrido duramente em 2020, quando os preços do petróleo se afundaram, e os cortes na produção foram implementados", concluem os analistas.
A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia, que mereceu a condenação de grande parte da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e a imposição de sanções à Rússia.