Resultado eleitoral influencia fim dos subsídios aos combustíveis em Angola - Consultora

A consultora Eurasia considerou hoje que Angola está obrigada a retirar os subsídios aos combustíveis a partir de 2023, mas alertou que as eleições serão determinantes para ver se o Governo tem capital político suficiente.

"As eleições de 2022 vão influenciar a retirada dos subsídios aos combustíveis em Angola", escrevem os analistas, num comentário aos mais recentes eventos em vários países africanos.

Na nota, enviada aos investidores e a que a Lusa teve acesso, a Eurasia escreve que "o prolongamento do ciclo eleitoral para 2023, com as eleições municipais, pode influenciar o compromisso das autoridades com o Banco Mundial para a redução dos subsídios em 2023".

A redução dos subsídios aos combustíveis tem sido repetidamente recomendada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e pelo Banco Mundial, que a inscreveu como uma das 12 condições para o desembolso da terceira tranche do programa de apoio financeiro, que tem um valor total de 1,7 mil milhões de dólares.

"A retirada dos subsídios será uma iniciativa difícil e politicamente onerosa num ano eleitoral e num contexto de preços elevados de energia e com uma inflação alta", apontam os analistas, concluindo que "os resultados das eleições de agosto darão um sinal importante sobre se as autoridades terão o capital político suficiente para retirar os subsídios".

Angola tem dos preços mais baixos entre os países da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) devido à subsidiação dos combustíveis, com os quais despende mais de mil milhões de dólares anuais (882 milhões de euros).

Em março, num encontro com jornalistas, a ministra das Finanças disse que além das despesas sociais que deixam de ser efetuadas, por causa deste subsídio, há um problema de especulação e de contrabando devido à diferença significativa entre os preços praticados em Angola e nos países vizinhos.

“Há quantidades consideráveis de combustíveis subsidiados pelos contribuintes angolanos que são vendidos nos países vizinhos”, disse a ministra, de acordo com uma nota colocada então no site do Ministério das Finanças.