"Temos um sistema político que é unipessoal, que se caracteriza pela interferência desavergonhada do poder político sobre o poder judicial. Não há independência judicial", acusou.
"Pensávamos que com a saída de José Eduardo dos Santos haveria uma abertura e transparência e com João Lourenço acentuaram-se os tiques autoritários. De José Eduardo dos Santos para João Lourenço não mudou nada na luta contra a corrupção", vincou.
"Mudou o Presidente mas não mudaram as elites. João Lourenço promove a corrupção a governação a qualquer preço", continuou.
Relativamente às sondagens que têm vindo a ser divulgadas, o líder da UNITA disse que o seu partido encomendou uma, "com mais de 100 itens", que está a ser "extremamente interessante" e que vai agora ser atualizada.
"Tenho condições para ser o próximo Presidente de Angola", frisou, embora reconheça que "não há vitórias antecipadas".
O retrato que traçou de Angola mostra, acusa, "uma comunicação social (estatal) cada vez mais instrumentalizada, em que não há o direito ao contraditório".
"Demonstra que o MPLA está assustado", disse.
No plano da economia, o líder da UNITA afirmou "não querer ser extremista e dizer que não se fez coisíssima nenhuma", mas, lamenta, Angola tem 20 anos de paz "e as grandes reformas não foram feitas".
Adalberto da Costa Júnior criticou ainda o atual programa de privatizações, considerando que o país "não tem uma economia de mercado, porque o atual governo constrói monopólios e mata diretamente a competição".
As privatizações "estão a ser feitas de forma negativa para o interesse nacional. Concorrem somente as mesmas quatro ou cinco empresas que recebem financiamentos públicos", disse.
Entre as grandes reformas que se propõe fazer caso vença as eleições, Adalberto da Costa Júnior elegeu a revisão da Constituição, que acabe com a eleição indireta do Presidente da República.
"Impõe-se uma reforma do Estado. A despartidarização do Estado", defendeu e avançou que a UNITA tem estado a contactar as instituições e o próprio MPLA "para que seja assegurada uma transição pacífica de poder".
Questionado se as eleições de agosto estão a ser organizadas como deve ser e se serão justas, o líder da UNITA acusou o governo do MPLA de já ter demonstrado que não, mas rejeitou que possam registar-se tumultos nas ruas a seguir às eleições.
"Ninguém mais tem armas", frisou.