O governo decidiu criar, em todas as províncias, locais para velórios públicos enquanto se aguarda a marcação de uma data para as exéquias do ex-chefe de Estado.
Em Luanda, foi escolhido o Memorial Dr. António Agostinho Neto, onde será instalada uma tenda com a fotografia de José Eduardo dos Santos, para acolher o ato principal das homenagens.
As cerimónias começam às 10:00 (mesma hora que em Lisboa), na presença do Presidente da República, João Lourenço, que vai assinar o livro de condolências, disse hoje à noite aos jornalistas o ministro da Administração do Território e porta-voz da comissão multisetorial para a cerimónias fúnebres, Marcy Lopes.
Após a abertura do livro de condolências, seguem-se os representantes dos órgãos de soberania, membros do executivo e outros mandatários, sendo a cerimónia aberta a partir das 14:00 a todos os cidadãos que quiserem render homenagem ao antigo Presidente.
Marcy Lopes apelou a um comportamento cívico e ao cumprimento das regras para garantir que tudo decorre com “ordem, tranquilidade, sentido de estado e reconhecimento publico” a José Eduardo dos Santos, adiantando que estão abertos espaços de homenagem nas restantes 17 províncias.
O Memorial Dr. António Agostinho Neto, também conhecido como o Foguetão, é um monumento que homenageia o primeiro Presidente da República de Angola e foi inaugurado em 17 de setembro de 2012, por José Eduardo dos Santos.
Com uma área de 18 hectares, tem um bloco central que alberga o sarcófago onde repousam os restos mortais de Agostinho Neto, que morreu em Moscovo, em 10 de setembro de 1979.
Além do antigo Foguetão de 120 metros de altura, o Memorial conta com um museu, galeria de exposições, salas multiusos, biblioteca e um centro de documentação.
A parte exterior é composta por uma praça principal, tribuna, parque de estacionamento e uma enorme avenida de 500 metros para desfiles.
Angola estar em luto nacional por sete dias, o que significa que nas instituições públicas as bandeiras estão colocadas a meia haste.
Estão igualmente proibidos eventos políticos, desportivos e culturais, o que obrigou já ao cancelamento dos comícios que quatro partidos angolanos tinham agendado para sábado, bem como o adiamento de festivais, espetáculos musicais e encontros que estavam previstos para a próxima semana.
O governo angolano declarou que pretende fazer um funeral de Estado em Luanda, decisão a que se opõe uma das filhas mais velhas, Tchizé dos Santos, afirmando que essa não era a vontade do pai e que José Eduardo dos Santos não queria ser sepultado em Angola enquanto João Lourenço estiver no poder.
Em relação à chegada do corpo a Luanda, o ministro da Administração do Território e porta-voz da comissão multisetorial para as cerimónias fúnebres disse ser "prematuro” avançar informações sobre o assunto.
Falando à imprensa angolana, Marcy Lopes adiantou que se encontra em Barcelona uma delegação do executivo, com a presença do ministro das Relações Exteriores, Téte António, a interagir com a família do ex-Presidente José Eduardo dos Santos, para se chegar a um entendimento.
O ex-Presidente de Angola José Eduardo dos Santos morreu na sexta-feira, aos 79 anos, numa clínica em Barcelona, Espanha, após semanas de internamento.
Eduardo dos Santos sucedeu a Agostinho Neto como Presidente de Angola, em 1979, e deixou o cargo em 2017, cumprindo uma das mais longas presidências no mundo, pontuada por acusações de corrupção e nepotismo.
Em 2017, renunciou a recandidatar-se e o atual Presidente, João Lourenço, sucedeu-lhe no cargo, tendo sido eleito também pelo Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), partido no governo desde que o país se tornou independente de Portugal em 1975.