“Não sendo, como já ficou dito, nenhuma ilegalidade a palavra de ordem que a nossa candidatura e várias forças da sociedade civil optaram – ‘Votou, Sentou’ – não há motivo para desistirmos dela, pelo contrário, achamos que devemos incentivar cada vez mais”, apontou o diretor-geral da campanha eleitoral da UNITA, Lukamba Paulo “Gato”.
O também general na reserva descartou ainda atos de violência, em consequência do movimento “Votou, Sentou”, referindo que os cidadãos “vão apenas às assembleias de voto com a sua esferográfica e sem qualquer material contundente”.
O responsável do partido do Galo Negro, que fazia o balanço das primeiras semanas da campanha eleitoral, visando as eleições de 24 de agosto, lembrou que “persistem” mais de 2,5 milhões de mortos na base de cidadãos eleitores, passados mais de 20 anos, garantindo ter “mecanismos internos” caso não sejam expurgados.
“Sobre nomes de falecidos nas listas eleitorais, há mais de 20 anos que a estatística não expurga das listas pessoas falecidas. Estima-se neste momento que há mais de 2,5 milhões de mortos que ainda persistem ou subsistem nas estatísticas”, afirmou Lukamba Paulo.
O político da maior força na oposição angolana disse que o número de mortos na base de dados de cidadãos eleitores “é considerável e não se pode negligenciar”.
“De forma que o nosso partido está preocupado com esta problemática de falecidos nas listas, mas medidas foram tomadas caso o Governo persista na sua posição de não expurgar atempadamente os cidadãos falecidos”, assegurou.
Segundo Lukamba Paulo, a lei permite aos concorrentes criar mecanismos de “verificação ao pormenor de quem é o voto”.
A UNITA, prosseguiu, “está em posição de acionar o mecanismo que tem para limitar ao máximo qualquer interferência desses números”, sem, no entanto, especificar o tipo de “mecanismo” que chamou de “interno”.
A problemática dos cidadãos mortos na base de dados de eleitores, para o sufrágio de 24 deste mês, tem sido recorrente no seio das forças políticas na oposição e da sociedade civil, situação que tem sido minimizada pelo MPLA, no poder, e pela Comissão Nacional Eleitoral (CNE).
Para Lukamba Paulo, a inclusão de cidadãos mortos na lista dos eleitores, a deslocalização dos eleitores, a não divulgação das listas dos eleitores e a falta de cadernos eleitorais estão entre as “várias irregularidades” do processo eleitoral.
Oito forças políticas, nomeadamente sete partidos e uma coligação de partidos, concorrem às quintas eleições gerais angolanas marcadas para a próxima semana.
Pelo menos 14 milhões de eleitores, residentes em Angola e no exterior, estão inscritos para exercer o seu direito de voto.