Eleições: Líder da UNITA promete que não vai personalizar combate à corrupção

O líder da UNITA (oposição) prometeu hoje, em entrevista à Lusa, que, caso ganhe as eleições angolanas, vai aprovar uma lei de repatriamento de capitais que evite ataques pessoais das autoridades a figuras do passado.

“Eu não vou individualizar a justiça nem individualizar o combate à corrupção, essa é a postura de João Lourenço [Presidente e líder do Movimento Popular de Libertação de Angola, MPLA], não é a postura de Adalberto”, afirmou, em entrevista à Lusa, Adalberto Costa Júnior, líder da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA).

Confrontado com a sua futura ação sobre os chamados ‘marimbondos’ (uma espécie de vespas que o atual Presidente disse terem-se apropriados de bens públicos no consulado do seu antecessor, também do MPLA), Adalberto Costa Júnior não quis comentar a situação concreta das filhas do ex-presidente José Eduardo dos Santos, visadas pela justiça, mas prometeu que a nova lei será igual para todos os angolanos.

“Nós não temos uma perspetiva direcionada individual para o exercício do cumprimento das leis”, disse.

“Vamos trabalhar no sentido de fazer aprovar a lei de repatriamento de capitais” da UNITA e depois “vai competir às instituições fazê la respeitar”, afirmou, em declarações à Lusa.

No dia 24 de agosto, a “UNITA ganha as eleições", disse, acrescentando: "É conhecido o nosso programa claro de combate à corrupção no âmbito da lei que já tínhamos” e foi chumbada pelo MPLA.

Costa Júnior reafirmou a intenção de publicar a sua declaração de bens.

“As declarações não devem ficar guardadas, fechadas a sete chaves, porque assim não contribuímos” para o combate à corrupção, disse, recordando que, “até hoje, as declarações de bens dos titulares de cargos públicos são um segredo de Estado”.

Outro exemplo dos problemas do Estado angolano, sustentou, é a contratação simplificada utilizada pelo Governo, que “é incentivo à corrupção”.

“A verdade é que João Lourenço tem incentivado fortemente a corrupção, porque a forma internacional de maior promoção da corrupção é a contratação pública sem concursos e é exatamente a prática global da governação do atual Governo”, afirmou, na entrevista à Lusa.

No seu entender, o “Estado deve sempre proporcionar as melhores condições para o funcionamento bom do país”.

“Os maus exemplos que nós vimos servem também de grandes exemplos para nós não os fazermos” de novo, acrescentou.

Angola vai a votos no dia 24 de agosto para escolher um novo Presidente da República e novos representantes na Assembleia Nacional.