“Espero que Angola possa acompanhar aquilo que é o comboio dos outros países, não há nenhum motivo para se estender estas questões, estender a ansiedade, porque nós temos a tecnologia e a capacidade suficiente para ter resultados em algumas horas e pelo menos 24 horas depois”, afirmou Adalberto Costa Júnior, em entrevista à Lusa, que pediu a intervenção da Justiça no processo eleitoral.
“Há uma série de processos que estão engavetados, há uma série de apelos, inclusive hoje à tarde, feitos ao Tribunal Constitucional para trazer ao Direito angolano a organização deste processo”, acusou Costa Júnior, que repetiu desafios à Comissão Nacional Eleitoral (CNE) já feitos hoje por outros dirigentes.
“Publiquem as listas de todos os votantes dos cadernos eleitorais”, porque, “pelos vistos, aquelas listas publicadas pela voz do presidente da CNE não são os cadernos”, disse à Lusa o líder da UNITA, o partido que tem mais criticado questões processuais que, no seu entender, podem colocar em causa a transparência do processo e permitir o enchimento de urnas com votos de mortos ou abstencionistas.
“Vamos fazer a festa da democracia”, desafiou Costa Júnior, dirigindo-se ao Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA, no poder desde a independência do país), visivelmente confiante que estas eleições irão assinalar uma mudança na gestão do país, se “a lei for respeitada”.
Quanto ao dia 25, dia seguinte ao das eleições, afirmou: “Vamos acompanhar o país que estará a festejar a vitória da alternância, que é exatamente o sonho de todos os angolanos, a esperança de uma maioria muito ampla neste país que está cansada da pobreza, da exclusão, dos desvios e da falta de respeito pela independência das instituições”.
Exemplo dessa falta de equilíbrios de poder é o facto de apenas com um boletim os angolanos elegerem “dois órgãos de soberania”, já que o Presidente é, automaticamente, o cabeça de lista do partido mais votado.
Por isso, Costa Júnior quer uma “Constituição que sirva os angolanos e acabe com esta questão do partido único, que tem refém as instituições do país”.
Angola vai a votos no dia 24 de agosto para escolher um novo Presidente da República e novos representantes na Assembleia Nacional.