A controversa disputada sobre a tutela do corpo do ex-líder angolano conheceu ontem finalmente um desfecho com a chegada do corpo de José Eduardo dos Santos a Luanda, a bordo de uma avião da companhia de bandeira angolana TAAG junto da ex-primeira dama da república, Ana Paula Dos Santos, filhos mais novos e demais familiares.
A chegada na base aérea, a família do engenheiro que governou Angola por 38 anos foi recebida por altas entidades do governo angolano, entre as quais o general Francisco Pereira Furtado, Ministro de Estado e Chefe da Casa Militar do Presidente da República, Adão de Almeida, Ministro de Estado e Chefe da Casa Civil, e a ministra de Estado para o Sector Social, Carolina Cerqueira.
Enquanto decorriam os procedimentos protocolares, no Aeroporto Internacional 4 de Fevereiro grupos relativamente pequenos de pessoas iam se aglomerando, com ansiedade, aguardando a saída do corpo daquele que muitos nos descreveram como tendo sido um “dos melhores presidentes de Angola”.
“Ele foi um excelente presidente. Só quem sabe reconhece o quanto ele foi presente para o povo angolano. Ajudou muita gente!”, disse à VOA uma senhora de nome Joana, justificando a sua presença no aeroporto.
Sobre a demora para a chegada do corpo de JES à Luanda, Joana disse-nos emocionalmente que compreende o porquê da demora mas que espera que a “justiça divina” seja um dia feita.
"Também sou filha. Nós não devemos julgar ninguém. Não somos perfeitos. Que a sua alma descanse em paz”, disse.
“Eu vivi [muito] bem no tempo dele”, ela concluiu.
“No tempo do JES as coisas não eram como são agora”
Saído do aeroporto, o cortejo protocolar que escoltava o carro com urna dirigiu-se ao Miramar, na residência oficial do ex-estadista. Durante o caminho, ruas foram fechadas, populares buzinavam e acenavam efusivamente para saudar a família e manifestar as suas condolências.
Na residência oficial, foi realizada uma curta cerimônia religiosa e seguiu-se a apresentação formal de condolências à parte da família de José Eduardo Dos Santos.
Do lado de fora da residência, não demorou muito para que populares manifestassem o interesse deles também poderem entrar na residência oficial para apresentarem as suas condolências à família.
Obedecendo a um protocolo de segurança e medidas de biossegurança, muitas foram as pessoas que conseguiram entrar na residência do ex-presidente angolano.
Augusto João foi um deles.
“Foram 38 anos de governação da sua excelência José Eduardo Dos Santos. É com muita honra que o povo angolano está aqui perante a sua residência” ele disse.
“O povo angolano se está aqui é porque agradece [os seus feitos]. A justiça demora, mas chega. O bom patriota deve ser enterrado no solo pátrio", João nos disse.
Na longa fila que se formou em frente da residência, estava também a comerciante Kiesse Pedro Pereira.
"Tive conhecimento da chegada dos restos mortais do nosso presidente, então vim dar também o meu contributo”.
“No tempo do JES as coisas não eram como são agora. Tínhamos mais facilidades no estudo, nos mantimentos alimentares e muitas mais coisas” disse Pereira à VOA.
Até ao momento ainda não se conhece a data exacta do funeral de José Eduardo dos Santos.
Em conferência de imprensa, ontem (20), o ministro da Administração do Território, Marcy Lopes disse: “Nós iremos comunicar atempadamente o dia [do funeral] e qual será o procedimento das exéquias fúnebres”. VOA